Perséfone, deusa da mitologia grega e os ciclos de morte e renascimento | |||
por Cristina Balieiro |
Um dia ela estava colhendo flores com suas amigas e vê um belíssimo narciso. Quando se abaixa para cheirá-lo a terra se abre e dela surge Hades em sua carruagem que a rapta e a leva para o mundo inferior. A mãe, Demeter, sem saber onde está sua filha fica desesperada e como rainha das colheitas e dos grãos se recusa a fazer a terra florescer. Com medo que os homens morram de fome e não possam mais cultuar os deuses, Zeus (que era o pai de Coré) pede que Hermes vá até Hades e a traga de volta.
Mas lá no mundo inferior, ela havia comido uma romã e nesse mundo quando se come alguma coisa, não se pode mais sair. Então há uma negociação entre os deuses e ela passa a viver seis meses com Hades no mundo subterrâneo e seis meses com sua mãe no mundo de cima.
Mas seja no mundo inferior ou no mundo superior ela não é mais a mesma. Sua estadia no mundo inferior a transformou radicalmente: Coré, a donzela “genérica” morreu. Morreu para que ela se transforme em Perséfone, Rainha do Mundo Subterrâneo que junto com seu marido Hades governava as almas dos mortos e tinha o papel de juíz da humanidade depois da vida. Será também a condutora dos Heróis gregos em suas viagens a esse mundo inferior. Não mais donzela, mas rainha!
O que Perséfone pode nos ensinar
1º) Em primeiro lugar que para amadurecer e nos tornarmos uma mulher adulta, precisamos nos separar psicologicamente de nossa mãe. Isso significa ter consciência do que é dela – em termos de valores, visão de mundo, crenças, forma de viver – e do que é nosso. E mais que isso, legitimarmos quem nós somos.
Normalmente isso é muito difícil porque, de certa maneira, nos sentimos traindo nossa mãe e ela muito frequentemente se ressente dessa necessária diferenciação.
Só que se quisermos deixar de ser uma Coré – simbolicamente uma “filhinha da mamãe”e nos tornarmos Perséfone – uma mulher adulta, dona do seu destino -, precisamos fazer essa separação, por mais dolorida que seja.
2º) E também que a vida é cíclica e de tempos em tempos temos que morrer em forma antiga de ser, para renascermos em uma nova forma, como quando deixamos de ser crianças para nos tornarmos adolescentes. O processo de amadurecimento não acontece sem tempos de mergulho na dor e no “escuro”. Essa morte da forma antiga sempre implica de certa forma em perda e em luto. E também em ganhos e celebração.
Temos muitas vezes que alternar tempos luminosos onde estamos no “mundo de cima”e tempos sombrios, onde estamos no “mundo de baixo”, assim como Perséfone. Sem aceitarmos esse ciclos de morte e renascimento não conseguimos seguir na vida, vivendo em plenitude e cumprindo nosso destino de sermos cada vez nós em nossa essência.
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