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sábado, 11 de maio de 2013


"O VIDEOGAME DA VIOLÊNCIA"

Carlos José Marques, diretor editorial

Está todos os dias nos jornais e na televisão. Acontece como uma tenebrosa rotina nas ruas. A violência em estágio descontrolado vem minando o ânimo dos brasileiros e a credibilidade das autoridades. Passou a ser o item número 1 nas pesquisas de opinião sobre as preocupações das pessoas, que tiveram uma melhora de renda ao mesmo tempo que experimentaram uma piora na qualidade de vida – ao menos no que se refere à sensação de proteção do Estado. Escandalosos casos de estupro são registrados como algo corriqueiro nas maiores capitais e, nesse aspecto, colocam o País no padrão de desajuste social da Índia. Às vésperas de receber eventos globais como a Jornada da Juventude, Copa do Mundo e Olimpíada, o Brasil macula ainda mais sua imagem internacional com episódios sistemáticos de crimes escabrosos e vem sendo comparado a uma selva subdesenvolvida. A impunidade, em alguns casos, e o descontrole, em outros, das operações repressoras ultrapassaram todos os limites. Há poucos dias, uma caçada policial filmada direto de um helicóptero participante da ação mostrava “os mocinhos” disparando, lá do alto, milhares de tiros a esmo na perseguição a supostos bandidos. Como em um videogame, havia gritos de torcida incitando a matança. Em nenhum momento é possível notar equilíbrio e senso de responsabilidade dos autores. Casas, prédios e pessoas na rua surgiam como alvos fáceis e, caso atingidos, seriam certamente depois classificados como incidentes colaterais da investida. É normal essa justificativa quando inocentes são abatidos em campo aberto, nas subidas de morro ou nas buscas em favelas. O problema é que o País não está em guerra e não deveria se prestar a operações mal articuladas e imprudentes. O descaso e o despreparo policial são tão ou mais nocivos que a crueldade impiedosa dos bandidos. A banalização da violência, aliada à glamorização midiática de certas repressões policiais – que são acompanhadas por câmeras de tevê e repórteres ávidos por mostrar agentes destemidos da lei –, tem provocado indignação em escala. Por outro lado, muitas são as autoridades que parecem estar de braços cruzados, deixando a população à mercê da barbárie sem fim. Há um crescente clamor de “basta” que deveria ser ouvido especialmente por aqueles que aspiram votos nas urnas. 

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