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sexta-feira, 10 de maio de 2013


Religião deve servir à paz, diz historiadora

DANIEL MÉDICI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Avener Prado/Folhapress
O sentimento de compaixão cultivado pelas diferentes religiões pode ser empregado para auxiliar o entendimento entre as sociedades no mundo globalizado, segundo a historiadora das religiões Karen Armstrong.
A britânica participou do ciclo de conferências Fronteiras do Pensamento, em São Paulo, anteontem.
No centro de sua fala à plateia paulistana, Armstrong, 68, propôs um novo papel para a religião no mundo contemporâneo, que começa por admitir que ela "não é feita para nos dar respostas, mas para fazer conviver com a nossa própria mortalidade e com o sofrimento da vida".
A religião, para Armstrong, é uma prática, e só tem sentido se vivenciada pelo indivíduo. "Nós entendemos os mitos religiosos como mentiras, mas os antigos os entendiam como algo que ocorre continuamente", disse, em sua fala durante o evento, uma parceria com a Folha.
A Santíssima Trindade do catolicismo, por exemplo, deve ser vista como uma forma de o devoto abandonar seu próprio ego.
"Do contrário, essa história de três pessoas em uma só fica parecendo um jingle publicitário", brincou a autora, que estudou literatura em Oxford e é autora de livros sobre as grandes tradições religiosas, como "Jerusalém".
Armstrong, que foi noviça durante a juventude, mas abandonou o catolicismo, encontra na compaixão um ponto de inflexão entre as diferentes religiões. Ela a define, no entanto, não como um sentimento de pena que o senso comum lhe atribui, mas como "assumir ativamente a responsabilidade pelo sofrimento do outro" e se empenhar para combatê-lo.
Questionada sobre o uso da religião como motivo de conflitos sectários, Armstrong argumenta que o Estado laico foi responsável por boa parte da violência cometida desde o século 19, incluindo "as duas Guerras Mundiais, o lançamento de bombas atômicas contra civis e genocídios como o dos judeus pelos nazistas".
Para a historiadora, colocar um credo acima do outro vai contra o propósito da religião, pois "se a transcendência está além das palavras, ninguém pode ter a última palavra".
"Quanto mais globais nos tornamos, mais nos sentimos ameaçados pelo diferente, fazendo com que nos refugiemos em nossos próprios credos, em nosso ego. Por outro lado, quanto mais temos contato com as diferentes religiões, mais encontramos riquezas no outro e semelhanças com o outro", resume.
O ciclo Fronteiras do Pensamento deste ano já teve a participação do escritor peruano Mario Vargas Llosa e ainda terá conferências de António Damásio, neurocientista português, e do teórico cultural ganês Kwame Anthony Appiah, entre outros.

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