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domingo, 2 de setembro de 2018

Desafio virtual pode colocar em risco a vida de crianças e adolescentes

29/08/2018
Anna Luisa Praser

Uma boneca virtual assustadora, de olhos arregalados, sorriso sinistro e que propõe desafios que podem colocar em risco a vida de crianças e adolescentes. Essa é a MOMO, criatura que tem deixado em alerta pais e educadores.
Os estímulos para participar do desafio vêm de todas as partes. Uma busca no Google mostra, aproximadamente, 1 milhão e 400 mil resultados. É possível, inclusive achar os números de contato que seriam da entidade – com origens em diversos países. No You tube também são quase cem mil vídeos falando do desafio MOMO.

Mas será que tudo isso é verdade? Testamos o contato com os números do Japão e do México e não tivemos resultados. Os números sequer aparecem válidos nos aplicativos de mensagens. Também não conseguimos completar a ligação. Tudo parece ser uma brincadeira, mas que pode sim envolver riscos mais sérios.

Como pessoas mal-intencionadas que usam a figura da MOMO como desculpa para entrar em contato com as crianças e conseguir informações. É o que explica a psicóloga Clínica e Psicanalista da Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro, Tânia Bastos.

E mesmo quem pretende alertar para as ameças, acaba correndo perigo nas redes. É o caso de uma escola particular em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, que, ao enviar um alerta aos pais para ficarem atentos aos contatos dos filhos, teve o e-mail hackeado.

Outra preocupação é quanto ao risco de roubo de dados. A legislação brasileira já tem previsão para os cuidados que devem ser adotados  no tratamento das informações prestadas. 

Desde o dia 15 de agosto, a lei geral de tratamento de dados está em vigor com artigo inteiramente dedicado aos cuidados que devem ser dispensados as informações prestadas por crianças e adolescentes. A consultora do Instituto Alana, Marina Pita, esclarece.

Mas são nas brechas da lei que desafios como o MOMO aparecem. Não há, por exemplo, uma determinação clara de como se fazer cumprir a norma, principalmente porque as tecnologias estão mudando a todo tempo, segundo a consultora da Alana.

É preciso ficar atento porque as formas de acessar os dados podem ser das mais simples, como ganhar a confiança da criança para que ela conte sobre a vida pessoal e rotina da família, até às mais elaboradas, como o envio de links duvidosos, códigos e programas maldosos que podem roubar senhas, contatos e informações em perfis sociais.

Para situações assim, o melhor mesmo é prevenir, monitorando e dando orientações às crianças sobre os contatos que fazem, os conteúdos que acessam e as informações que divulgam.

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