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domingo, 2 de setembro de 2012


Assassinatos de mulheres chocam a Argentina

A cada três dias, duas mulheres são assassinadas por serem mulheres, na maioria dos casos por seu companheiro ou ex-companheiro
Ativistas carregam cartazes pedindo soluções para o problema da violência de gênero no Congresso Nacional de Buenos Aires  / Daniel Garcia/AFPAtivistas carregam cartazes pedindo soluções para o problema da violência de gênero no Congresso Nacional de Buenos AiresDaniel Garcia/AFP

Uma série de crimes e atos de violência contra mulheres por razões de gênero, divulgados diariamente, comovem a Argentina, onde o Congresso debate a inclusão do crime de "feminicídio" no Código Penal, seguindo o exemplo de outros países da América latina.

"Pena máxima para o assassino" e "Parem com os feminicídios", gritavam exibindo cartazes cerca de 200 mulheres em uma manifestação nesta quinta-feira na província de Jujuy, na fronteira com a Bolívia, exigindo justiça para os casos impunes.

Viviana Carrazana, de 33 anos, que teve o corpo encontrado em um canal de irrigação depois de ter sido assassinada com golpes na cabeça; Maira Domínguez, de 15, morta com um tiro, degolada e apunhalada; María Gargaglione, de 47, asfixiada com uma sacola; e Mabel Maraní, de 25, estrangulada depois de ter sido violentada, são alguns dos assassinatos de mulheres em Jujuy lembrados pelos manifestantes.

Outro caso que deixou os argentinos chocados esta semana foi o de um jovem de 23 anos que assassinou a facadas a sua enteada de seis, a avó de sua ex-namorada e sua ex-cunhada, de 15, em uma casa de Benavídez, na periferia norte de Buenos Aires.

Essas mortes são relacionadas a ataques de homens que pretendem destruir uma mulher que consideram sua propriedade, assassinando seus filhos, familiares ou novos companheiros.

Na quarta-feira, três mulheres foram mortas a tiros por seus respectivos maridos ou ex-companheiros, duas delas em Córdoba (centro) e outra em La Plata (60 km ao sul).

Onda de assassinatos?

"Não creio que haja uma onda de feminicídios na Argentina, mas agora têm mais visibilidade. Antes, os feminicídios eram vistos como fatos isolados", disse à AFP Ada Rico, da Associação Civil Casa do Encontro.

Diante da falta de estatísticas oficiais, essa ONG começou em 2008 a realizar relatórios anuais registrando os casos divulgados na imprensa de todo o país.

No primeiro semestre de 2012, foram contabilizadas 119 mulheres ou meninas vítimas de feminicídio, e outras 50 mulheres foram atacadas e não se sabe se sobreviverão, disse Rico.

Segundo a ONG, 53 mulheres foram queimadas por seus parceiros ou ex-companheiros depois do assassinato dessa mesma forma, em fevereiro de 2010, de Wanda Taddei, a jovem esposa de Eduardo Vázquez, ex-baterista de uma popular banda de rock argentina, a Callejeros. Ele foi condenado em julho a 18 anos de prisão.

"A cada três dias, duas mulheres são assassinadas por serem mulheres, na maioria dos casos por seu companheiro ou ex-companheiro. Vemos a necessidade de capacitar os magistrados, porque o Poder Judiciário é patriarcal, e conscientizar os cidadãos", disse a juíza da Suprema Corte de Entre Ríos (centro-este), Susana Medina, presidente da Associação de Mulheres Juízes da Argentina (AMJA).

Em resposta ao aumento de casos de violência de gênero, o Senado argentino ainda discute uma reforma aprovada em abril pela Câmara dos Deputados que inclui o crime de "feminicídio" no Código Penal e contempla condenações à prisão perpétua.

A iniciativa coincide com outras semelhantes adotadas em Nicarágua, Bolívia e Peru em 2011, depois das aprovadas em Chile, Costa Rica, Colômbia, El Salvador, Guatemala e México.

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