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domingo, 8 de julho de 2012

Não quer ser abusada no metrô, na China? Então, vá de burca!



A campanha do metrô de Xangai recomenda às mulheres se darem ao respeito se não querem ser abusadas por pervertidos
Não quer ser abusada no metrô, vá de burca! É essa a mensagem de uma campanha chinesa por educação e civilidade nos trens da cidade de Xangai, a segunda maior do país. Diante de um aumento no número de assédio de homens contra mulheres nos metrôs e estações, a companhia de transporte local tem espalhado desde o dia 20 de junho a seguinte mensagem (acompanhada de uma foto de mulher vestindo algo como uma burca!): “Girls, please be self-dignified to avoid perverts”. Em português seria algo como: “Garotas, por favor, se dêem ao respeito para evitar pervertidos”.
O mote da campanha da companhia chinesa é basicamente a velha ladainha machista de culpar a vítima pelo crime do agressor. Por essa lógica, o estupro seria justificável a partir de um dado tamanho de saia ou de profundidade do decote. Para além do problema de argumento, a campanha deve ser muito pouco efetiva ao que se propõe, a saber, diminuir o assédio contra mulheres. Se cobrir o corpo todo fosse garantia de segurança, não existiria estupro nos países do Oriente Médio em que esses trajes são obrigatórios para mulheres. 
Dito isto, o resultado da ação do Metrô de Xangai se mostrou muito mais interessante do que o esperado. É verdade que 70% das pessoas entrevistadas em uma pesquisa de opinião sobre a campanha concordam com a afirmação de que “as mulheres devem ficar atentas na hora de se vestir para não sofrerem um estupro.” É o esperado em um país em que ainda acontecem abortos e esterilizações forçados e onde nunca houve nenhum movimento feminista expressivo. No entanto, para surpresa do próprio metrô, meninas começaram a parodiar a campanha. Cobriram o rosto e parte do corpo e foram até o metrô levando plaquinhas com os seguintes dizeres: “Queremos nos sentir bonitas, não queremos mãos sujas sobre nós”. Quem quiser se aventurar a olhar o blog das meninas feministas chinesas, clique aqui (o conteúdo está em mandarim).
A paródia da campanha do metrô de Xangai : "queremos nos sentir bonitas e não ter mãos sujas sobre nós", diz a jovem feminista
Assédio em transportes coletivos está longe de ser um problema exclusivo da China. Em Tóquio e no Rio de Janeiro, a solução adotada foi a criação de vagões exclusivamente femininos nos horários de pico. Embora não haja punição prevista para os homens que desrespeitem a regra, nos dois metrôs há agentes de segurança treinados para constranger os homens que (não raro) se aventurem a pegar o vagão feminino. As mulheres cariocas e japonesas costumam aprovar a iniciativa. No mundo ideal, claro, os homens respeitariam as mulheres e nunca encostariam nelas sem ser convidados a tal. No mesmo mundo ideal, também não haveria necessidade de assento reservado para gestantes e idosos, afinal, a lógica é parecida. Mas, enquanto o mundo ideal não existe, ficamos com as soluções reais e possíveis, como o vagão feminino.
E você, já sofreu assédio em transporte coletivo? O que acha do vagão exclusivo para mulheres?

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