Mulheres são maioria com nível superior, mas homens dominam mercado de trabalho
Brasileiras recebem mais diplomas, mas homens ocupam maior parte das vagas e ganham mais
Carlos Orsi
A proporção de mulheres brasileiras com títulos acadêmicos de nível superior é maior que a de homens – a parcela da população feminina adulta com diploma é de 12%, ante 10% da masculina – mas esse dado sofre uma inversão no mercado de trabalho. Quando se analisam as pessoas que atuam em funções de nível superior, 91% dos homens estão empregados, contra 81% das mulheres.
Os números fazem parte da mais recente edição do relatório Education at a Glance , publicado pela OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico). Embora o Brasil não seja membro da OCDE, formada majoritariamente por nações europeias, os dados do País foram incluídos no relatório para fins de comparação.
O descompasso brasileiro entre a proporção de mulheres formadas e de mulheres empregadas acompanha a tendência registrada, também, dentro da OCDE. Em média, 32% das mulheres adultas dos países-membros têm nível superior, ante 29% dos homens, mas “as taxas de emprego das mulheres são menores que as dos homens, sem exceção, em todos os países” da organização.
A diferença média é de nove pontos porcentuais, mas há casos em que ela supera os 20 pontos. O país que mais se aproxima da igualdade é a Noruega, com 91% dos homens adultos diplomados empregados, ante 89% das mulheres.
Países como Canadá, Japão, Nova Zelândia e EUA têm mais mulheres com nível superior do que a média da OCDE, mas a presença dessas mulheres no mercado de trabalho fica abaixo da média da organização.
O relatório propõe medidas como um aumento da disponibilidade de serviços de creche ou a subsídios para a educação infantil como um benefício à trabalhadora. “A remoção de barreiras que impedem a participação de mulheres altamente qualificadas no mercado de trabalho poderia beneficiar o crescimento econômico”, diz o texto.
Renda
Dos países analisados pelo relatório, o Brasil ainda é, como apontado no trabalho divulgado ano passado, aquele onde o diploma universitário mais agrega renda: um brasileiro formado em curso superior pode esperar ganhar, em média, 2,5 vezes mais que um brasileiro que tenha apenas completado o ensino médio, e quase três vezes mais que um cidadão sem ensino médio completo. Na OCDE, as taxas são de 1,6 (sobre ensino médio completo) e 1,9.
O relatório nota que o ganho de renda se mantém a despeito no aumento no número de pessoas qualificadas por ensino superior: “A tendência dos dados (...) sugere que a demanda por indivíduos com educação terciária acompanhou o aumento da oferta na maioria dos países”.
Embora a formação superior aumente a renda em ambos os sexos, os homens ganham mais com cada nível educacional alcançado: a renda de um brasileiro com diploma universitário pode ser até 2,7 vezes superior à de um que só tenha ensino médio, e 3,2 vezes maior que a de um homem sem diploma colegial, mas a mulher ganha, 2,6 a mais que uma com ensino médio, e 3,1 a mais que uma mulher sem esse grau de instrução.
As mulheres também demoram mais para atingir seu potencial máximo de renda: a faixa etária mais bem remunerada, para as detentoras de diploma, é a de 55 a 64 anos. No caso dos homens, a renda é maior entre 25 e 34 anos, declinando depois, a partir dos 55. A pior situação, no Brasil, é a da mulher sem ensino médio: sua renda é de apenas 47% da de uma mulher com diploma colegial (no caso dos homens, a renda é de 53%).
No geral, a mulher brasileira com nível superior ganha, em média, apenas 61% do que ganha um homem com o mesmo nível de instrução. Na média da OCDE, a renda da mulher com nível superior é 72% da do homem. Os países mais próximos da igualdade são Reino Unido (82%) e Espanha (89%).
Escolha de carreira
No Brasil, 40% dos meninos e 50% das meninas de 15 anos esperam ter uma carreira no campo da ciência ou da engenharia, de acordo com o relatório da OCDE. Na média dos países da organização, as taxas são de 33% em ambos os sexos. A discrepância é maior na área de saúde: apenas 14% dos meninos brasileiros se veem atuando nesse setor, ante 32% das meninas. Na média da OCDE, os números são 7,4% e 19,7%, respectivamente.
Em 2010, 63% de todos os títulos acadêmicos de nível superior concedidos no Brasil foram recebidos por mulheres. Elas são maioria – representando de 52% a 77% do total de títulos – nas áreas de Educação; Humanidades e Artes; Saúde; Ciências Sociais, Direito e Administração; e Serviços. Tornam-se minoria, no entanto, nos setores de Engenharia, Manufatura e Construção (28%); Ciência (38%); e Agricultura (41%).
Os números fazem parte da mais recente edição do relatório Education at a Glance , publicado pela OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico). Embora o Brasil não seja membro da OCDE, formada majoritariamente por nações europeias, os dados do País foram incluídos no relatório para fins de comparação.
O descompasso brasileiro entre a proporção de mulheres formadas e de mulheres empregadas acompanha a tendência registrada, também, dentro da OCDE. Em média, 32% das mulheres adultas dos países-membros têm nível superior, ante 29% dos homens, mas “as taxas de emprego das mulheres são menores que as dos homens, sem exceção, em todos os países” da organização.
A diferença média é de nove pontos porcentuais, mas há casos em que ela supera os 20 pontos. O país que mais se aproxima da igualdade é a Noruega, com 91% dos homens adultos diplomados empregados, ante 89% das mulheres.
Países como Canadá, Japão, Nova Zelândia e EUA têm mais mulheres com nível superior do que a média da OCDE, mas a presença dessas mulheres no mercado de trabalho fica abaixo da média da organização.
O relatório propõe medidas como um aumento da disponibilidade de serviços de creche ou a subsídios para a educação infantil como um benefício à trabalhadora. “A remoção de barreiras que impedem a participação de mulheres altamente qualificadas no mercado de trabalho poderia beneficiar o crescimento econômico”, diz o texto.
Renda
Dos países analisados pelo relatório, o Brasil ainda é, como apontado no trabalho divulgado ano passado, aquele onde o diploma universitário mais agrega renda: um brasileiro formado em curso superior pode esperar ganhar, em média, 2,5 vezes mais que um brasileiro que tenha apenas completado o ensino médio, e quase três vezes mais que um cidadão sem ensino médio completo. Na OCDE, as taxas são de 1,6 (sobre ensino médio completo) e 1,9.
O relatório nota que o ganho de renda se mantém a despeito no aumento no número de pessoas qualificadas por ensino superior: “A tendência dos dados (...) sugere que a demanda por indivíduos com educação terciária acompanhou o aumento da oferta na maioria dos países”.
Embora a formação superior aumente a renda em ambos os sexos, os homens ganham mais com cada nível educacional alcançado: a renda de um brasileiro com diploma universitário pode ser até 2,7 vezes superior à de um que só tenha ensino médio, e 3,2 vezes maior que a de um homem sem diploma colegial, mas a mulher ganha, 2,6 a mais que uma com ensino médio, e 3,1 a mais que uma mulher sem esse grau de instrução.
As mulheres também demoram mais para atingir seu potencial máximo de renda: a faixa etária mais bem remunerada, para as detentoras de diploma, é a de 55 a 64 anos. No caso dos homens, a renda é maior entre 25 e 34 anos, declinando depois, a partir dos 55. A pior situação, no Brasil, é a da mulher sem ensino médio: sua renda é de apenas 47% da de uma mulher com diploma colegial (no caso dos homens, a renda é de 53%).
No geral, a mulher brasileira com nível superior ganha, em média, apenas 61% do que ganha um homem com o mesmo nível de instrução. Na média da OCDE, a renda da mulher com nível superior é 72% da do homem. Os países mais próximos da igualdade são Reino Unido (82%) e Espanha (89%).
Escolha de carreira
No Brasil, 40% dos meninos e 50% das meninas de 15 anos esperam ter uma carreira no campo da ciência ou da engenharia, de acordo com o relatório da OCDE. Na média dos países da organização, as taxas são de 33% em ambos os sexos. A discrepância é maior na área de saúde: apenas 14% dos meninos brasileiros se veem atuando nesse setor, ante 32% das meninas. Na média da OCDE, os números são 7,4% e 19,7%, respectivamente.
Em 2010, 63% de todos os títulos acadêmicos de nível superior concedidos no Brasil foram recebidos por mulheres. Elas são maioria – representando de 52% a 77% do total de títulos – nas áreas de Educação; Humanidades e Artes; Saúde; Ciências Sociais, Direito e Administração; e Serviços. Tornam-se minoria, no entanto, nos setores de Engenharia, Manufatura e Construção (28%); Ciência (38%); e Agricultura (41%).
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