segunda-feira, 1 de outubro de 2012
GUERRA CONTRA AS DROGAS
Escolas nos EUA aplicam testes de drogas em alunos do ensino fundamental
Talvez o efeito mais significativo desta descabida medida seja o de convencer os jovens de que as figuras de autoridade no país são bullies hipócritas
O
New York Times
afirma que um novo front foi aberto nos EUA em sua “guerra contra as drogas”: a escola secundária (Middle School, em inglês, ou alunos com idades entre 10 e 14 anos). Em Milford, Pensilvânia, por exemplo, a Delaware Valley Middle School instituiu a obrigatoriedade dos testes de drogas para os alunos que desejam participar de equipes esportivas ou clubes. De modo que foi pedido a uma garota de 12 anos que queria participar de um grupo de confecção de diários que primeiro entregasse uma amostra de sua urina. Seus pais processaram a escola. No entanto, embora isso possa soar como uma invasão de privacidade anômala, de acordo com o
Times
, “estados nos quais escolas secundárias fazem testes de drogas incluem Flórida, Alabama, Missouri, West Virginia, Arkansas, Ohio, Nova Jersey e Texas”.
Os EUA se tornaram um país em que o teste de drogas é algo comum. O governo federal estabeleceu o precedente para testes em ambientes de trabalho quando Ronald Reagan declarou em 1986 o objetivo de tornar o ambiente de trabalho livre de drogas. Em 2011, mais da metade das empresas exigiam que todos os candidatos provassem que não usavam drogas, enquanto 10% das empresas requeriam testes de drogas para certos candidatos, de acordo com a Society for Human Resource Management.
Pedir a qualquer pessoa que urine em um coletor e o entregue a um estranho é uma invasão de privacidade. Caso o seu objetivo seja realizar cirurgias emergenciais ou pilotar um avião comercial, tal intrusão pode ser permitida a fim de proteger a segurança pública. Mas a sociedade americana está repleta de testes de drogas para atividades acadêmicas e profissionais – tornar-se repórter de um jornal estudantil, organizar o estoque de supermercados, vender imóveis, programar computadores – que não são afetadas pela preferência de um empregado por fumar um baseado fora do escritório. Com efeito, há poucas evidências de que os testes de droga tenham qualquer efeito positivo sobre os resultados, segurança ou produtividade das empresas.
No entanto, tais testes podem ter até mesmo um efeito negativo sobre os estudantes do ensino fundamental. Alguns alunos podem simplesmente optar por não participar de atividades mais salutares para evitar que seu uso de drogas seja detectado.
A fundação disso tudo é o modo alarmista pelo qual os EUA veem a questão do uso de drogas. O
Times
escreve: “Não há casos conhecidos de detecção de uso de doping como esteroides ou hormônios do crescimento por estudantes do ensino fundamental. Os poucos resultados positivos de testes feitos nestes alunos foram atribuídos à maconha, afirmam funcionários públicos, e até mesmos esses casos são raros”. O que implica que a premissa desta política parece ser a de que se um adolescente fuma maconha, ele não pode simultaneamente ser um bom estudante ou um aspirante a jornalista, artista ou advogado. Isso é uma bobagem. Se o presidente dos EUA foi um usuário regular de maconha durante a escola secundária e a faculdade, por que os burocratas das escolas públicas fingem que um baseado transformará um bom aluno em uma alma perdida? De acordo com a revista
Time
, 42% dos americanos admitem terem experimentado maconha e 16% experimentaram cocaína, de modo que essa política está claramente sendo executada por pessoas que por sua vez também fumaram maconha. Os jovens sabem disso. Talvez o efeito mais sensível dessas medidas seja o de convencer os jovens de que as figuras de autoridade adultas são bullies hipócritas. Mas pelo menos assim eles estarão preparados para os obstáculos arbitrários da vida adulta.
http://opiniaoenoticia.com.br/internacional/escolas-nos-eua-aplicam-testes-de-drogas-em-alunos-do-ensino-fundamental/
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