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quinta-feira, 15 de novembro de 2012


Pedagoga alemã cria programa de reabilitação para neonazistas

por Vanessa Vieira
Boa de papo: Por meio da retórica, Judy faz os radicais se livrarem de falsas crenças (Foto: Divulgação)

Toda semana Judy Korn, 40, visita em prisões da Alemanha jovens extremistas condenados por agressões e assassinatos motivados pelo ódio. Suas sessões são marcadas por diálogos contestadores. “Você disse que todos os judeus são ruins. Você conhece algum pessoalmente?” Normalmente, eles não conhecem. “Como sabe, então, que são ruins?” 

Desconstruir falsas crenças é um dos pilares do programa de reabilitação de neonazistas e skinheads criado por Judy e implementado em 2001 pela ONG alemã Violence Prevention Network. O objetivo é reabilitar os jovens que querem sair do movimento extremista para voltarem à sociedade. Como acontece em programas de desintoxicação de drogas, esses radicais precisam de apoio para deixar a ideologia. Eles temem represálias do grupo, que pode considerá-los traidores e agir violentamente. Mas também precisam de novos valores para se identificarem — do contrário, caem em tentação. O projeto tem evitado que isso aconteça: o índice de reincidência entre seus participantes é de 13%; a média para os criminosos em geral na Alemanha é de 42%. 

Para isso, além da retórica, outra estratégia do trabalho é desenvolver a capacidade de se colocar no lugar do outro. A ONG recorre à reconstrução do crime, em que o agressor analisa passo a passo o ataque cometido por ele diante dos outros participantes do programa. “O monitor faz perguntas como: ‘o que você acha que a vítima sentiu no momento em que você mostrou a faca?’ São momentos em que esses jovens começam a refletir.” 

Depois da saída da prisão, os extremistas reabilitados são acompanhados por mais um ano. Eles recebem apoio para conseguir um diploma de nível superior e emprego. Os jovens também são incentivados a buscar um novo endereço, longe das antigas amizades do movimento neonazista. “A reação da sociedade é banir essas pessoas e colocá-las na prisão, mas isso não resolve o problema”, diz. “Se não atuarmos na origem, eles serão liberados e continuarão com seus atos de violência”, afirma Judy, que começou a tática de diálogo para conter a violência ainda na adolescência. Quando tinha 14 anos, alguns de seus amigos apanharam de skinheads. Ela, então, se aproximou dos agressores e perguntou por que tinham feito aquilo. “Essa estratégia, um tanto ingênua, foi o princípio de todo o projeto.”


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