segunda-feira, 19 de novembro de 2012


Seminário reunirá polícias para debater atuação contra o maltrato infantil



Natasha Pitts
Jornalista da Adital
Adital
Nos próximos 19 a 21, representantes das polícias de oito países ibero-americanos se reunirão em Lima, capital peruana, para o seminário "A Polícia nacional frente aos direitos da infância e sua articulação com instituições públicas e a sociedade civil”. O evento, financiado pela Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID) e organizado pela ONG Save the children e a Polícia Nacional do Peru (PNP), quer promover um espaço de reflexão e troca de experiências para que se possa aplacar o maltrato infantil nos países.
São aguardados cerca de 100 integrantes das polícias da Espanha, Colômbia, Equador, Argentina, Brasil, Bolívia, Peru e Chile para refletir sobre o trabalho da polícia e a relação com outras instituições públicas vinculadas à proteção de crianças e adolescentes para que possa agir na prevenção, atenção e proteção dos/as menores que são vítimas de maltrato físico ou psicológico.
Também participarão representantes de organizações ligadas à infância, que ajudarão com seu depoimento e conhecimentos sobre a problemática da violência contra crianças e adolescentes e sobre o papel da Polícia na atenção aos casos.
O seminário será aberto pelo diretor da Polícia Nacional do Peru (PNP), Raúl Salazar, e pela ministra peruana da Mulher e Populações Vulneráveis, Ana Jara.
De acordo com informações do ministério da Mulher e Populações Vulneráveis, neste ano já foram registrados 8.664 casos de violência infantil no Peru. Save the children aponta que a maioria dos menores é vítimas de agressores membros da família ou muito próximos, e que sofrem violência física, psicológica ou sexual.
Mas no Peru, os problemas relacionados à infância vão além da violência. O país está entre os que apresentam as maiores brechas entre crianças ricas e as em situação de pobreza, mesmo sendo um Estado com renda média. O país, que aumentou esta distância em 179% nos últimos 20 anos é seguido pela Bolívia (170%), Colômbia (87%), Camarões (84%) e Gana (78%).
A distância entre crianças ricas e pobres no mundo cresceu 35% nas duas últimas décadas e, segundo o relatório ‘Nascer Iguais’, deSave the children, a cifra é maior entre as crianças do que entre os adultos. O documento destaca que a renda das famílias onde vivem as crianças em situação de pobreza é 66 vezes menor do que a renda das famílias ricas, realidade que afeta diretamente a garantia de direitos.
O relatório também revela que, além da renda e riqueza, desigualdades ligadas a raça, etnia, gênero ou região provocam efeitos dramáticos na vida das crianças. Um exemplo é que no Peru a proporção de pessoas indígenas que terminam a educação secundária é referente a um quinto da população branca.
"Os meninos e meninas da América Latina e, especificamente do Peru, são os mais afetados pela crescente brecha entre os que têm e os que não têm. Apesar do crescimento econômico que se registra no país, as desigualdades ainda se mantêm”, afirmou Lennart Reinius, diretor de Save the Children no Peru, lembrando que nos últimos dez anos o país registrou um crescimento de 6,4% no Produto Interno Bruto (PIB), o que mesmo assim não reduziu a pobreza.

Nenhum comentário:

Postar um comentário