PATRÍCIA CAMPOS MELLO
ENVIADA ESPECIAL A ANAND, ÍNDIA
A cidade indiana de Anand é conhecida como a capital mundial da barriga de aluguel. É lá que fica a Clínica Akanksha da doutora Nayana Patel, onde nasce um bebê de barriga de aluguel a cada três dias. Desde 2004, quando ela começou a trabalhar com esses tratamentos, 584 bebês de "mães de aluguel" nasceram na clínica.
Grande parte dos casais que buscam ajuda de Nayana, uma indiana bonita de 53 anos, são americanos, britânicos, japoneses e canadenses. A doutora Patel oferece o pacote completo: óvulos de doadora para quem não consegue conceber com os próprios, a inseminação artificial e ela gerencia as "barrigas de aluguel" --as grávidas vivem todas juntas em uma casa, para que a médica possa acompanhar melhor sua alimentação e fazer os exames.
O grande chamariz é o custo. Enquanto nos EUA ter um filho com barriga de aluguel não sai por menos de US$ 60 mil, na Índia custa a partir de US$ 20 mil, incluindo todos os custos com inseminação artificial e a mãe de aluguel. No Brasil, cada tentativa de inseminação artificial custa entre R$ 15 mil e R$ 20 mil. Cessão de útero e doação de óvulos só pode ser feita sem fins comerciais.
Depois de se tornar centro para terceirização de call center, a Índia se transformou em uma meca para o outsourcing de gravidez. Há cerca de 1,5 mil clínicas de reprodução assistida no país e a indústria da reprodução assistida movimenta cerca de US$ 2 bilhões por ano.
Cerca de 7% dos casais do mundo não conseguem ter filhos. São pessoas como a canadense Barbara, que passou por 12 tentativas de inseminação artificial e teve vários abortos espontâneos. Tentou adotar, mas, aos 50 anos, era considerada muito velha. Finalmente, resolveu vir à Índia. No Canadá não é permitido e nos EUA custaria pelo menos US$ 60 mil, e a gestante não seria acompanhada de perto. Na Índia, ela está pagando cerca de US$ 22 mil por tudo.
http://folha.com/no1225026
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