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sábado, 16 de fevereiro de 2013


Como ensinar adolescentes diferença entre sexo real e pornográfico?


Teclado de laptop (arquivo/PA)
Acesso fácil à internet faz com que adolescentes sejam expostos à pornografia
A abundância de conteúdo pornográfico de fácil acesso na internet permite que adolescentes sejam expostos regularmente à pornografia e pode criar nos jovens uma visão distorcida sobre sexo e relacionamentos.
Não há estatísticas sobre quantas crianças e adolescentes acessam pornografia pela internet, ou com que regularidade. Também não existem provas conclusivas de que o comportamento sexual dos adolescentes esteja mudando.
No entanto, pesquisas nos últimos anos indicam que um número expressivo de crianças e adolescentes têm acesso à pornografia frequentemente por meio de novas tecnologias.
Um levantamento na União Europeia (UE), por exemplo, concluiu que 25% dos jovens com idades entre 9 e 16 anos já tinham visto imagens de cunho sexual. E em 2010, uma pesquisa na Grã-Bretanha revelou que quase um terço dos jovens com idades entre 16 e 18 anos havia visto fotos de natureza sexual em celulares, na escola, mais de uma vez por mês.

Uso de computadores por crianças e adolescentes britânicos

Uso de computadores por crianças britânicas
75% das crianças em idade escolar têm seu próprio computador
Dois terços dos britânicos com idades entre 7 e 16 anos têm acesso à internet no próprio quarto
Britânicos com idades entre 7 e 16 anos que usam a internet tendem a ficar online em média duas horas por dia, mais de cinco dias por semana
Fonte: Childwise Monitor Trends Report 2012
A National Association of Head Teachers (Associação Nacional de Diretores de Escolas) da Grã-Bretanha está fazendo uma campanha sobre o impacto da pornografia com o objetivo que crianças e adolescentes sejam educados de maneira apropriada à idade.
A ideia é que o currículo escolar nacional para alunos com dez anos de idade inclua aulas sobre como usar a internet de forma segura e alertas sobre conteúdos não apropriados. Adolescentes estudariam o assunto de forma mais aprofundada.
"As crianças estão crescendo em um mundo abertamente sexual e isso inclui acesso fácil à pornografia na internet, então, elas precisam de recursos para lidar com isso", disse um consultor em políticas educacionais, Sion Humphreys.
O que preocupa os educadores é a possibilidade de que os jovens sejam influenciados, na adolescência e na vida adulta, pela pornografia que viram.
A publicitária e empresária Cindy Gallop criou um site que compara "o mundo pornográfico" com "o mundo real" do sexo.
Gallop, que em 2009 fez uma palestra para uma série de conferências sobre o tema, disse que "a presença por toda parte e a liberdade de acesso à pornografia na internet, aliada à uma sociedade que reluta em falar sobre sexo" resultou no seguinte: "Pornografia tornou-se a educação sexual padrão, por falta de uma outra opção".
Ponto de Referência
Em entrevista à BBC, a adolescente Rebecca, de 17 anos, disse que a pornografia muda as expectativas dos meninos em relação à aparência das meninas. "Cabelo comprido, peito grande, bumbum grande", citou.
Um colega da classe de Rebecca, Femi, disse que a pornografia também preocupa os meninos.
"Talvez você não esteja alcançando fisicamente aquele padrão que a pornografia te apresenta", disse.

Karen: Um depoimento

Karen, hoje com 20 anos, falou à Rádio 1 da BBC sobre os efeitos da pornografia sobre um relacionamento que ela teve aos 16 anos:
"Pornografia era algo que ele curtia com os amigos, eles compartilhavam sites e falavam sobre isso sempre, era como um hobby.
Quando ele ficou mais à vontade comigo, queria que assistíssemos juntos. Então comecei a perceber que não era (pornografia) comum, era algo mais pesado.
Como aquela era a única experiência que eu tinha, achava que tinha algo de errado comigo, porque eu não gostava.
Muito violento. Sexo, agressões, tapas, arranhões, puxões - ele fazia o que ele queria e na velocidade que ele queria, sem qualquer consideração ou cuidado em relação ao que eu estava sentindo.
Ele era um menino, não era um estuprador em um beco pulando em cima das pessoas, ele achava que isso era normal e que era isso que todo mundo fazia".
Karan, hoje com 20 anos, disse que, quando tinha 16, seu namorado assistia a pornografia com os amigos "como se fosse um hobby". Ela contou que, frequentemente, ele assistia a pornografia na presença dela, imitando o que via.
"Eu achava que tinha alguma coisa errada comigo porque não gostava".
Na escola e em casa
Uma pesquisa entre jovens com idades entre 16 e 24 anos feita pela University of Plymouth e pela entidade UK Safer Internet Centre - que trabalha para tornar a internet mais segura - revelou que um em três entrevistados admitiu que a pornografia afetou seus relacionamentos.
E dados do serviço telefônico dedicado às crianças britânicas, ChildLine, mostram que, no ano passado, houve um aumento de 34% no número de ligações feitas por adolescentes afetados por imagens sexuais que haviam visto na internet.
Apesar desses indícios, profissionais e pais não conseguem chegar a um acordo sobre como resolver o problema.
Leonie Hodge, da ONG Family Lives - que já deu aulas a 7 mil estudantes sobre o tema -, disse estar convencida de que crianças precisam aprender a diferença entre pornografia e realidade.
"Adolescentes são bombardeados com pornografia desde pequenos, você não consegue escapar disso. É uma arrogância acharmos que eles não são capazes de lidar com isso".
Nos cursos da ONG, jovens discutem como reagiriam ao receber imagens indecentes e como se sentiriam se entrassem em contato com material pornográfico.
A National Union of Teachers, no entanto, acha que falar sobre pornografia nas aulas é ir longe demais - a não ser que os próprios alunos toquem no assunto.
Outros, como a publicitária Gallop, advogam a importância do papel dos pais.
"O segredo é não ficar com vergonha, ou dizer coisas do tipo 'meninas de família não fazem isso'", disse. "E não importa se a criança não der ouvidos, o importante é manter os canais de comunicação abertos".
A fundadora do site Netmums, de apoio a mães, concorda com Gallop, mas argumenta que a questão não é tão simples.
Siobhan Freegard disse que muitas mães entram em pânico quando encontram pornografia no computador dos filhos.
"Esse pode ser um campo minado", explicou. "Muitos não sabem o que fazer ou o que dizer. Por exemplo, uma mãe solteira pode ter dificuldade em conversar com filhos adolescentes, pais solteiros podem ter dificuldade em abordar o tema com as filhas. Em casas mais tradicionais, talvez sexo sequer seja discutido".
"A solução ideal é que escolas e pais trabalhem juntos", propõe.

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