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terça-feira, 19 de fevereiro de 2013


CPI ouvirá acusados de tráfico de pessoas e vítimas de exploração em Altamira

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Pessoas votará nesta terça-feira (19) requerimentos de convocação de um garçom e do gerente da boate Xingu, de Altamira (PA), presos pela polícia local sob acusação de integrar um esquema de prostituição ilegal que agia junto a trabalhadores do canteiro de obras da usina hidrelétrica de Belo Monte. A data dos depoimentos ainda será marcada. 

O presidente da CPI, deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA), informou ainda que a comissão também apreciará um requerimento de convite às jovens libertadas em Altamira para que prestem esclarecimentos. O objetivo, segundo Jordy, é colher e reunir informações que possam servir para o aperfeiçoamento da legislação atual. 

A comissão votará ainda requerimentos para convocar José Augusto dos Santos e Reginaldo Pinheiro dos Anjos sobre o recrutamento de adolescentes em estados com a promessa de participarem de clubes de futebol em Aracaju (SE). Outro requerimento, do deputado Luiz Couto (PT-PB), que poderá ser votado é o que convoca a diretora do Departamento Consular e de Brasileiros no Exterior, Maria Luiza Ribeiro da Silva, para falar sobre o tráfico de adolescentes. 

Durante a operação em Altamira, segundo a polícia, foram libertadas seis mulheres que estariam sendo mantidas em cárcere privado. Outras dez mulheres disseram que estavam lá por vontade própria. A operação policial ocorreu em razão de denúncia de uma adolescente de 16 anos ao Conselho Tutelar. Ela disse que estava presa no local e que havia conseguido fugir. De acordo com o Conselho Tutelar local, as meninas eram exploradas sexualmente e muitas chegaram ao local já devendo R$ 3 mil reais.

“Este é mais um exemplo de que as quadrilhas especializadas neste tipo de crime não dão trégua. E, especificamente no caso de Altamira, o tráfico humano, a prostituição, estavam bem próximos de um empreendimento do governo federal. Temos notícia do Conselho Tutelar de que o número de bordéis quadriplicou após a instalação desse canteiro de obras”, disse Arnaldo Jordy.

"Rede criminosa"
Segundo ele, as moças são do Rio Grande do Sul, do Paraná e de Santa Catarina. Elas foram de van para Altamira e ficaram seis dias na estrada para chegar à cidade paraense. “Portanto, há todos os indícios de que há uma rede criminosa extremamente organizada operando esse tipo de aliciamento, esse tipo de crime”, acusa Jordy.


O deputado afirma também que há outros casos ainda não descobertos pela polícia. “Nós temos notícias de que não é um caso isolado. Depois da implantação do projeto de Belo Monte em Altamira, na região do Xingu, o número de boates dessa natureza, boate/prostíbulo, quase que quintuplicou. Nós tínhamos – segundo os movimentos sociais de lá – umas duas, três, talvez quatro boates dessa natureza, e hoje há mais de 20”, afirmou.

Para o parlamentar paraense, está ocorrendo em Altamira uma “tragédia anunciada”. Segundo ele, o governo federal havia sido alertado de que ocorreriam problemas desse tipo, mas não tomou providências.

“Uma cidade de 82 mil habitantes no entorno de Altamira, que é um município-polo, de repente recebeu, em seis meses, 50 mil pessoas no fluxo migratório, o que duraria historicamente de 10 a 15 anos para acontecer, sendo a grande maioria – 80% – de homens. No estado, o número de policiais, de assistentes sociais, de médicos, de colégios é o mesmo, enfim, a estrutura logística é a mesma, e a cidade recebe 50 mil pessoas de uma hora para a outra. É evidente que o caos vai ser instalado”, observou.

Agenda
À tarde, o presidente da CPI vai se reunir com a secretária de Direitos Humanos, ministra Maria do Rosário. A reunião será realizada no gabinete da ministra, às 15h30.


Depois de ouvir os depoimentos, em Brasília, integrantes da CPI pretendem ir a Altamira para prosseguir as investigações. O objetivo da comissão, segundo o deputado, é auxiliar a investigação policial e alertar o governo sobre os efeitos colaterais negativos das grandes obras, para evitar que se repitam no futuro.

Nas próximas quinta (21) e sexta-feiras (22), um grupo de integrantes da CPI do Tráfico de Pessoas viaja até a Bahia para realizar diligências e audiências públicas. Em Salvador, está preso um casal acusado de enviar mulheres para a prostituição na Espanha.

A reunião desta terça será realizada às 10 horas, no Plenário 11.

Da Redação/MM

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