terça-feira, 12 de fevereiro de 2013


Interrupção de serviços de saneamento na Síria põe saúde de crianças em risco, alerta UNICEF

Caminhões-pipa fornecem água para um complexo habitacional em Adra, uma área industrial na região nordeste de Damasco, capital da Síria. Foto: OCHA/Ben Parker.
A grave ruptura dos serviços de água e saneamento e a falta de acesso a higiene na Síria aumentaram o risco de doenças transmitidas pela água entre as crianças, alerta nesta sexta-feira (8) o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), após uma avaliação de âmbito nacional.
agência constatou que, em áreas atingidas pelo conflito, o abastecimento de água está disponível em apenas um terço das casas, em relação aos níveis pré-crise, com muitas pessoas tendo apenas 25 litros de água por dia, em comparação com os 75 litros quando o conflito começou há dois anos.
“Estes resultados reforçam porque o UNICEF tem priorizado a assistência ao setor da água e saneamento”, disse o Representante do Fundo na Síria, Youssouf Abdel-Jelil. “Este mês começamos uma operação para transportar 1 milhão de litros de cloro para fornecer água potável para mais de 10 milhões de pessoas, ou quase metade da população nacional, por três meses.”
A avaliação, realizada em cooperação com os serviços municipais de água e empresas locais privadas, identifica seis áreas onde a capacidade das pessoas de ter acesso à água potável tem sido mais severamente restrita: Damasco rural, Idlib, Der Ez-Zor, Homs, Aleppo e al-Raqqa.
Mais de 60 mil pessoas, a maioria civis, foram mortas desde que o levante contra o presidente Bashar al-Assad teve início, no começo de 2011. Nos últimos meses ocorreu uma escalada no conflito, que também deixou mais de quatro milhões de pessoas com necessidade imediata de assistência humanitária. O UNICEF estima que, das quatro milhões de pessoas em necessidade, 50% são crianças.
Devido ao conflito, a produção nacional de produtos químicos de tratamento de água quase cessou, aumentando o risco de a água da torneira estar contaminada. Os cortes de energia, falta de combustível e danos à infraestrutura também contribuiram para agravar a escassez de água.

Água e saneamento chegam a cada vez menos pessoas

O UNICEF afirmou que as famílias dependem cada vez mais da água fornecida por caminhões-pipa, cujo custo é maior. Uma família de sete pessoas, por exemplo, gasta pelo menos 15 dólares a cada 15 dias com serviços de água – muito mais do que muitas pessoas podem pagar.
A avaliação do Fundo também descobriu que, em cidades afetadas pelos conflitos, o tratamento de água de esgoto diminuiu pela metade – de 70% antes da crise para 35% agora. Pessoas vivendo em abrigos coletivos estão particularmente mais vulneráveis devido à falta de banheiros, chuveiros, artigos de higiene e acesso à água racionada.
“Estamos fazendo todo o possível para expandir nosso alcance e garantir que água potável e saneamento estejam disponíveis para mais pessoas”, disse Abdel-Jelil, acrescentando que a falta de recursos é um grande problema.
Até o momento, o UNICEF forneceu ajuda humanitária para mais de 22 mil pessoas afetadas, especialmente água para beber para uso doméstico, além de ter distribuído kits de higiene para mais de 225 mil pessoas em áreas afetadas por conflitos.
A agência está apelando por 22,5 milhões de dólares, como parte do Plano de Resposta para a Síria lançado em dezembro, de modo que consiga fornecer água potável e doméstica, sabão e kits de higiene, bem como sanitários e banheiros para 750 mil pessoas até junho.
O UNICEF também planeja prover água para 50 mil crianças, bem como apoiar instalações sanitárias em escolas e espaços temporários de aprendizagem, além de reparar e reabilitar sistemas comunitários de acesso a água.
A comunidade internacional comprometeu mais de 1,5 bilhão de dólares para ajuda humanitária aos sírios. Apoiar a reconstrução de infraestruturas críticas, tais como estações de bombeamento de água, e fornecer suprimentos essenciais, como medicamentos, estão entre as quatro prioridades dentro do país, junto com a ajuda de pessoas que fugiram de suas casas e as comunidades que as acolhem, além de ajudar os mais pobres a evitar a miséria total.
Agências da ONU estão trabalhando dentro da Síria e nos países vizinhos, para onde centenas de milhares de pessoas fugiram. Esta semana, o Programa Mundial de Alimentos (PMA) começou a distribuir vales alimentação mensais no Egito para permitir que os refugiados sírios possam comprar itens essenciais, tais como frutas, legumes e laticínios. O vale é tem o objetivo de suprir as exigências nutricionais diárias de 2.100 quilocalorias (Kcal). O PMA afirmou que o objetivo é alcançar 30 mil beneficiários em junho.

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