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sábado, 20 de abril de 2013


Como identificar se vale a pena ou não retomar uma relação?

Heloísa Noronha
Do UOL, em São Paulo

Vocês brigaram, decidiram terminar tudo e cada um foi para um lado. Eis que, depois de um tempo, as boas lembranças surgem na mente, a saudade aperta, um telefona, o outro manda um e-mail e, quando vocês se dão conta, estão nos braços um do outro novamente. 

A vida não é um filme e o final feliz nem sempre depende somente da boa vontade e do amor intenso do casal, como no cinema. Para que o relacionamento possa dar certo dessa vez, os dois precisam levar em consideração vários fatores –como analisar o que moveu a separação.

"Incompatibilidade de gênios ou valores, falta de comunicação, problemas financeiros, expectativas diferentes... São muitas as razões que podem ter conduzido à ruptura. Durante a separação, os dois devem ter refletido sobre isso e sobre o quanto estão dispostos a mudar ou a ceder ao reatarem", diz a psicóloga Iracema Teixeira, doutora em Psicologia pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

Ela afirma que o sucesso e o fracasso de uma relação dependem das duas partes. Portanto, não adianta um só baixar a guarda ou se sentir o dono da razão. É preciso que os dois encontrem, juntos, um ideal de equilíbrio. Na empolgação de retomar o romance, as questões práticas podem acabar esquecidas. E é no dia a dia que as arestas a aparar surgem. "A volta tem de ser marcada por uma disponibilidade interna de fazer dar certo", diz Iracema.

Para a psicóloga Raquel Fernandes, a escolha que alguns casais fazem de tentar retomar o relacionamento de onde ele parou não costuma funcionar. A fase de separação tem de servir para o crescimento pessoal, em que homens e mulheres repensem suas atitudes e avaliem o que têm a oferecer ao outro em um relacionamento.

"Voltar apenas por saudade, por desespero, não dá certo, assim como é um equívoco querer apagar tudo o que houve e recomeçar do zero", declara Raquel.

Quando não reatar

A psicóloga e terapeuta de casais Iara Camaratta Anton, autora de "A Escolha do Cônjuge" (Ed. Artmed), diz que existem três razões capazes de condenar um retorno ao fracasso. O primeiro são as mágoas mal resolvidas. "Se um dos dois ainda guarda ressentimento, precisa elaborar melhor a decisão. Só amor e vontade de recomeçar não bastam, pois em algum momento o que incomoda virá à tona e vai estragar o relacionamento novamente", diz ela.

Outra razão a considerar é reatar por pressão de familiares ou amigos que consideram o casal praticamente "indestrutível". Muitos, na tentativa de ver os dois juntos de novo, até apelam para argumentos como "o mercado amoroso anda mal" e "antes mal acompanhado do que só". Mas lembre-se: quem viverá a relação do jeito que ela é de verdade é você, e não quem incentiva as pazes sem saber o que se passa de fato.

O terceiro motivo, e mais comum, é reatar o romance porque não achou ninguém melhor e se sente incapaz de viver só. "Para mim, esse é o mais grave. Se uma pessoa não consegue ser feliz sozinha, com os próprios recursos, dificilmente conseguirá isso ao lado de alguém", diz Iara. O outro será uma espécie de muleta, e essa é a alternativa menos ruim de acontecer.

"É diferente sentir saudade da pessoa e sentir saudade da função que ela ocupava em sua vida. Será que o 'ex' ou a 'ex' não serviam apenas como companhia?", pergunta a psicóloga Raquel Fernandes. É preciso, portanto, diferenciar do que você sente saudade: se da pessoa com quem você terminou ou de ter um acompanhante para ir ao cinema, jantar fora e frequentar festas.

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