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sexta-feira, 5 de abril de 2013


Sakamoto considera educação em direitos humanos como educação para a liberdade

Leonardo Sakamoto é jornalista, doutor em Ciência Política e atuante na luta contra o trabalho escravo. Ele coordena a ONG Repórter Brasil e a representa na Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo. Como jornalista, cobriu conflitos armados no Timor Leste, Angola e Paquistão.

Aguerrido defensor dos direitos humanos, o jornalista falou à Childhood Brasil sobre sua história, crianças e adolescentes e a importância da não-violação dos direitos humanos.
Childhood Brasil – Por quê você escolheu trabalhar com Direitos Humanos?
Leonardo Sakamoto - Eu sempre fui apaixonado pela temática. Cresci em um bairro pobre da periferia de São Paulo e quando entrei na faculdade de jornalismo, onde se tem aquela ideia de mudar o mundo, percebi que a gente não necessariamente muda o mundo, mas dá instrumentos para que isso aconteça. Eu vejo o jornalismo como um instrumento com grande potencial de mudança social.
CB – Atualmente, que situações têm impactado mais na violação dos direitos de crianças e adolescentes?
Leonardo - A primeira questão que me incomoda é a exploração de seu trabalho. Eles estão em uma idade onde deveriam se preparar para o futuro e já os colocamos dentro de uma engrenagem, tolhemos a capacidade de desenvolvimento dessas crianças e desses adolescentes. Existe um núcleo duro de trabalho infantil composto pelo trabalho rural, trabalho urbano, trabalho doméstico e a exploração sexual sob a justificativa de o corpo estar preparado. Esse é um núcleo complicado de mudar e tem origem na economia, com a justificativa de que se a criança não trabalhar vai acabar morrendo de fome.
CH – Na sua opinião, qual tem sido a atuação do Brasil no combate ao trabalho infantil?
Leonardo - O Brasil avançou muito, mas chegamos a um núcleo duro que é um pacote difícil de quebrar. Acredito realmente que é preciso garantir educação de qualidade, para que essas crianças possam se dedicar à sua infância. E quando falo em educação não é simplesmente fazer dessas crianças mais uma engrenagem da roda, mas possibilitar que elas pensem e decidam seu futuro. É criar formações técnicas para adolescentes para que possam conquistar seus sonhos, para que possam ser protagonistas de seu futuro. No entanto, também é preciso fazer um trabalho sobre consumo. 40% das crianças e adolescentes que trabalham estão acima da linha da pobreza e um dos motivos que as levam a trabalhar é a busca de recursos para suprir suas necessidades de consumo. Vivemos numa sociedade que se você não tem você não tem amigos, não faz parte de um grupo social. Você só é quando você tem. A criança percebe isso e nossa sociedade mercantiliza e faz com que a criança vá buscar esses produtos.
CH - O que você acha que falta para que o brasileiro tenha maior consciência acerca dos direitos humanos?
Leonardo – Perceber os direitos humanos não são para proteger bandido, mas para garantir o mínimo de dignidade para cada pessoa. Educação para direitos humanos é educação para liberdade. Tem que cobrar do Estado para que cumpra os direitos mínimos. O Estado tem que informar e garantir que haja o mínimo para cada um. O triste é que mesmo depois de 60 anos de promulgação dos direitos humanos, ainda não temos o “pacote mínimo” desses direitos.

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