STELA MASSON
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE UBERLÂNDIA (MG)
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE UBERLÂNDIA (MG)
Uma bandeira cor-de-rosa e dourada tremula no alto de uma casa branca. Não é um conto de fadas. Naquele castelo, em Uberlândia, fica a Escola de Princesas.
Coroas de vários tipos e tamanhos decoram a sala de chá, a suíte da
princesa, o quarto onde ela se veste e se maquia e outros espaços. Lá,
princesas assistem a filmes, ouvem histórias, aprendem culinária,
costura, noções de etiqueta e princípios humanos.
"Você não se torna uma princesa ao usar um belo vestido e tiara
brilhante", diz a criadora da escola, Nathália de Mesquita. "Precisa se
tornar a melhor versão de si mesma." Ela considera sua escola uma
prestadora de serviços aos pais, "que não têm tempo para ensinar as
coisas que nossas avós ensinavam".
Edson Silva /Folhapress | ||
As alunas Caroline, Giovanna, Gabriela de Paula e Gabriela Araújo no quarto das princesas da escola de Uberlândia |
Nathália passou oito meses planejando todos os passos do empreendimento.
Por ser um projeto inédito, a ideia foi registrada e patenteada.
A inauguração foi em janeiro e, desde então, 500 meninas passaram pela
escola (em módulos que vão de workshops de duas horas a cursos que duram
três meses, uma ou duas vezes por semana).
A maior procura é de alunas entre seis e nove anos, mas há meninas de
até 15, e o aprendizado vai de prendas domésticas a primeiros socorros.
"Minha expectativa era que a Júlia melhorasse a organização das próprias
coisas e conhecesse as regras de etiqueta", diz Adriana Miranda, mãe da
garota de 9 anos.
"Mas ela também aprendeu culinária, artesanato, a arrumar a mesa para
uma refeição formal, a usar os talheres e o guardanapo", completa.
Formada em letras, com especialização em psicopedagogia, Nathália
lecionou durante 17 anos em escolas particulares. Casada, mãe de dois
meninos, acha que criou "uma escola prática para a vida, que inclui
valores morais e princípios éticos imutáveis".
As alunas vestem-se normalmente no dia a dia. Quando uma delas faz
aniversário, ela se veste de princesa e as amigas usam coroas.
OPRESSÃO
A escola vem provocando reações em redes sociais, como na página do
Facebook "Escola de Ogras", criada para "confrontar os princípios de tal
educação [de princesas], e expor as consequências [...] na sociedade".
A professora de literatura da Universidade Federal do Ceará Lola
Aronovich critica o que considera culto à ostentação e à maneira como as
crianças são obrigadas a se comportar.
"A admiração aos padrões de beleza pela riqueza material e pela forma como as meninas devem se comportar merecem atenção dos defensores dos direitos da criança e do adolescente", diz.
"A admiração aos padrões de beleza pela riqueza material e pela forma como as meninas devem se comportar merecem atenção dos defensores dos direitos da criança e do adolescente", diz.
Samara Castro, universitária, postou: "Uma escola de princesas precisa
causar incômodo", pois incentiva, "a submissão da mulher, especialmente
na idade de formação, quando ela deixa de buscar o caminho da
liberdade".
Apesar das críticas, um novo "castelo" vai surgir em Belo Horizonte,
onde sócios de Nathália preparam o lançamento. A "rainha Nathália" luta
por um final feliz.
Editoria de Arte/Folhapress | |||||||||||||||||||||||||||||||||
Clique e veja o infográfico interativo sobre a escola de princesas |
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