por Karina Simões |
"O fato é que tentar reduzir a uma simples equação matemática a história de um relacionamento amoroso, sem o entendimento dos muitos fatores que influenciam o amor, pode levar uma pessoa a comportamentos e emoções inadequadas" | A satisfação no amor está na vivência da emoção experimentada e o amor pouco presta conta à razão. |
Quando se ama, não há preocupação em saber
de onde vem o amor, o que ele pretende, por que ele chegou e por que deve
ficar. Simplesmente se sente.
Contudo, quando ele dá sinais de despedida, a emoção
e os pensamentos mudam completamente. Nesse momento surgem milhões
de teorias e explicações, por vezes baseadas na culpa, para
se chegar à lógica do "desamor". Ora se atribui
ao outro (a) a responsabilidade pelo fim do sentimento, ora a si própria
por ter de algum modo contribuído para a falência da relação.
É certo que o fim de um relacionamento amoroso terá sempre
a influência de todas as partes envolvidas e nunca terá como
causa um único fator.
Em meu consultório chegam constantemente situações
de sofrimento onde a queixa maior é a transformação
das relações amorosas que passam a ter uma dinâmica
diferente daquela que um dia existiu. É comum ouvir expressões
do tipo: "antes não era assim", "as coisas mudaram
muito" ou "não sei o que está acontecendo".
Tudo isso leva as pessoas a desenvolverem hipóteses que vão
do possível ao absurdo: "Será que ele (a) tem outra
(o)?", "Será que não presto mais para ser amada
(o)?", "Será que fiquei velha (o) demais para satisfazê-lo
(a)?".
O fato é que tentar reduzir a uma simples equação
matemática a história de um relacionamento amoroso, sem
o entendimento dos muitos fatores que influenciam o amor, pode levar uma
pessoa a comportamentos e emoções inadequadas; até
extremistas e de muito sofrimento. Assim, vejo muitas pessoas reagirem
de modo inconveniente diante de certos pensamentos (expostos acima em
forma de perguntas) de que foram rejeitadas ou abandonadas.
O amor sofre interferência direta do tempo
O amor é fruto do desejo e esse sofre interferência direta
do tempo. As pessoas mudam. Não mudam por que são boas ou
ruins, mudam porque sofrem a influência de fatores endógenos
(internos - suas crenças) e exógenos (externos - os acontecimentos),
mudam por que mudam seus desejos e por isso nunca serão as mesmas.
Nesse contexto, o amor sempre virá com suas propostas de reedição.
Crescer e envelhecer junto de quem se ama é muito mais que um sonho
possível. Mas, quando existe o desencontro momentâneo desse
propósito ou mesmo duradouro (o que também é possível),
numa ou noutra situação, será necessário fazer
um caminho de compreensão responsável para se ter a autonomia
na decisão de como agir na busca da permanência do amor vivido
ou na possibilidade de poder sair do relacionamento de um modo menos traumático
e doído.
Reflexão:
- Como agir diante de um coração que reclama reciprocidade no amor?
- Como agir diante de um coração que reclama reciprocidade no amor?
- Até que ponto é possível ir ou aceitar em nome
do amor?
- Até quando vale a pena tentar reeditar ou reinventar o amor?
- Ainda é possível esperar que as coisas mudem?
- O que pode e o que não pode mudar?
- O que devo fazer e o que não posso permitir?
Todas essas perguntas têm respostas e poderão ser conhecidas,
mas não estarão escritas no singular, ao contrário,
estarão grafadas na conjugação de sua complexidade
e parte de uma única verdade: amar-se ... para ser possível
amar a Deus e aos outros!
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