sexta-feira, 13 de setembro de 2013

O provador de loja: perigo de alta tensão!

"As roupas não servem para humanos de carne e osso. Se for só de osso talvez caiba meio justo. Então que coloquem uma placa na porta avisando tudo isso."

Por Mônica El Bayeh

Você entra na loja munida de sonhos e um cartão de crédito. Poder você nem podia, mas precisa daquela roupa. Vai passar o resto do ano pagando. É uma extravagância. Você merece. Vai valer cada centavo.
Você escolhe o modelo e pede o seu número. Entra na cabine já se imaginando poderosa. Pega a bermuda. Não passa da perna. Não fechar na cintura é triste, mas acontece. Tem roupas de padrão um pouco menor, você tem uns dias mais inchada, dá para entender. Mas nem passar da perna?  
  (Foto: Augusto Delanne)
Você penou uma semana à base de sopão e suco de abacaxi. Isso não pode estar acontecendo. Chama a vendedora . Aquela etiqueta deve estar errada. A vendedora, que não é besta de discutir com você, rapidamente concorda e providencia a troca. Mesma situação: Não entra.
Tua mente já te transferiu de sereia a baleia em segundos. Poderosa? Linda? Gorda! Tua autoestima derreteu no esforço de ver se alguma coisa entrava. Você já começa a achar que está feia. Talvez seja melhor não comprar nada porque você nem vai a porcaria de jantar nenhum mesmo.
Quem vai comprar uma roupa chega carregado de expectativa. Fazer um 42 que equivale a 38 é brincar com os sentimentos das pessoas. É desleixo com o desconforto alheio. Uma postura de tanto faz que é água na fervura de quem tinha esperança de dias melhores com uma roupa nova. Isso é cruel. No mínimo: constrangimento.
Não há constrangimento porque a princípio ninguém assistiu? Ninguém viu? Viu sim. A pessoa mais importante estava no reflexo do espelho. E se espelho falasse, traduziria a angústia de um olhar triste. Aflito por não fechar um short 44, quando seu tamanho sempre foi 40.
Não estou falando do massacre da exigência de um corpo ideal. Nada disso. Falo de corpo real e de tamanhos irreais. Experimenta a 1ª, fica justa. A 2ª nem entra. Sai desmontada, murcha. Isso não se faz.
A vendedora era super simpática e magérrima. A massa corporal daquela pessoa era zero. A moça era bem bonita. Mas seus ossinhos, também simpáticos, davam tchau para nós. Víamos todos eles expostos sob sua pele.
Ela confessou que, naquela loja, algumas roupas G também não cabiam nela. Como assim?Aquele lugar não é uma loja de roupas, é uma câmera de tortura! Que brincadeira mais sem graça é essa? Desconhecimento do que seja uma mulher real ou sadismo?
As roupas não servem para humanos de carne e osso. Se for só de osso talvez caiba meio justo. Então que coloquem uma placa na porta avisando tudo isso. Acrescentem que há perigo de alta tensão!
Vamos levar recém-nascidos para comprar lá! Neles alguma peça há de caber! Isso se não for daqueles bebês mais gordinhos. Se for, pode esquecer. Não passará na pernoca gorducha.
Lojas de tamanhos irreais cometem crime ou pecado? O que punir mais. Prenda o responsável e depois mande para o inferno!  
perfil Mônica El Bayeh - blog da Ruth (Foto: ÉPOCA)


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