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quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Quem são os heróis de uma nação?

Panthéon, Paris (Fonte: Wikimedia)
Panthéon, Paris (Fonte: Wikimedia)
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Victor Hugo, Émile Zola, Voltaire, Diderot, Rousseau. Nomes conhecidos no Brasil e no resto do mundo. Segundo seus próprios conterrâneos, esses são os heróis da nação francesa. Foram enterrados juntinhos no Panthéon, um prédio em Paris destinado a guardar xs cadáveres daqueles que “honraram” o país.
E agora eles podem ganhar mais alguns colegas: desde hoje até o dia 22 de setembro, xs franceses palpitarão livremente sobre quem vai estar lado a lado com suas celebridades acadêmicas e políticas.
Uma das grandes questões que têm permeado os debates, na imprensa e na sociedade em geral, é como estabelecer uma igualdade entre os gêneros e sexos. Pudera: dos 75 corpos atualmente no Panthéon, só dois são de mulheres. E apenas uma está lá, digamos, por “merecimento”, a química Marie Curie, prêmio Nobel. A outra, Sophie Berthelot, foi enterrada ali para não ser separada do marido, Marcellin.
As discussões do movimento feminista têm variado entre articular uma indicação coletiva para conseguir o maior número possível de mulheres ou rechaçar por completo a iniciativa, compreendendo esse espaço como necessariamente conservador e retrógrado.
De uma maneira geral, elas questionam quem podem ser os heróis – e heroínas – de uma nação, que até agora foi hegemonicamente masculina. São escritores? Generais? Políticos? Pesquisadores? Libertadores? E por quê?
Já me perguntei muito isso sobre o Brasil e a resposta que sempre surge em minha cabeça me dá arrepios: vejo a imagem do Duque de Caxias em cima de um cavalo. Supostamente um grande orgulho da Guerra do Paraguai – episódio, aliás, pelo qual acho que deveríamos nos desculpar sempre –, ele é um dos grandes “heróis” nacionais, certo? É nome de avenida, cidade, tem estátuas para todos os lados, o que me parece ser um critério razoável para aceitar que alguém é “reconhecido” pelo país.
País este, vale dizer, que também tem um dos líderes da ditadura civil-militar, Castelo Branco, batizando rodovia. E Médici recebendo a singela alcunha de “presidente” antes de aparecer numa placa qualquer de rua.
Afinal, quem foi responsável por essas escolhas e sob quais critérios?
Quanto mais eu penso, mais dou razão para a ala “radical” do feminismo francês: os cultos à personalidade tendem à opressão, algo que nós, mulheres comprometidas com outro mundo possível, temos combatido por toda a nossa vida. Alguns modelos são eleitos como o padrão e espera-se simplesmente que as pessoas dediquem-se a louvá-los.
A devoção e o apego exacerbado de alguns indivíduos específicos – e, ao longo da história, praticamente todos são identificados com o ser masculino – parecem bloquear a necessária construção das subjetividades e de pluralidades dos modos de viver.
(E não confundamos adoração quase que obrigatória, dessas que aprendemos no colégio e não temos discernimento suficiente para contestar, com inspiração fluida de vida, por favor.)
Quem são as heroínas do Brasil? Talvez, dentro de uma perspectiva feminina, todas e nenhuma. São as que romperam barreiras e tornaram-se exemplos, mas também aquelas que fazem parte do nosso cotidiano, diariamente sofrendo e combatendo preconceitos por serem mulheres.

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