Da Redação
Agência Pará de Notícias
Cerca de 50 internas do Centro de Recuperação Feminino (CRF), em Ananindeua, na região metropolitana de Belem, receberam nesta quinta-feira (6) a certificação do curso de capacitação técnica oferecido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Pará (Sescoop-PA), em parceria com a Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe). Na ocasião, a Susipe lançou também a Cooperativa de Arte Feminina Empreendedora (Coopafe), a primeira do Brasil a ser formada exclusivamente por mulheres presas.
“O Sescoop é responsável pelo ensino, formação profissional, organização e promoção social dos trabalhadores, cooperados e empregados das cooperativas paraenses. A Coopafe é a primeira cooperativa do Brasil a ser formada exclusivamente por mulheres presas. É um marco inédito no país”, destaca o superintendente do Sescoop-PA e representante da Organização das Cooperativas Brasileiras, Manoel Teixeira.
O governo federal, por meio de portaria interministerial, instituiu em janeiro deste ano a Política Nacional de Atenção às Mulheres em Situação de Privação de Liberdade e Egressas do Sistema Prisional do país, em que garante o acesso ao trabalho para internas com o desenvolvimento de ações que incluam a formação, entre outras, de redes cooperativas e a economia solidária.
“Em dezembro passado, o Governo do Pará também instituiu a Lei nº 7.780, de incentivo ao cooperativismo no Estado. Com base na política nacional e na oportunidade criada pela lei estadual, o Pará saiu na frente criando a Coopafe, que se enquadra na categoria de cooperativa especial, e visa justamente promover a reinserção social de pessoas em situação de cárcere”, explica o titular da Susipe, André Cunha.
Dados da Organização das Cooperativas do Brasil mostram que existem hoje mais de seis mil cooperativas em todo o país, com cerca de nove milhões de associados, abrangendo 13 ramos do cooperativismo, entre eles o da cooperativa especial, na qual a Coopafe se encaixa. Para o juiz titular da 1ª Vara de Execução Penal de Belém e também coordenador do projeto Começar de Novo, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), as cooperativas atuam de forma positiva nas comunidades, gerando trabalho, renda e promoção social.
“Trazer o cooperativismo para o ambiente carcerário é fabuloso, principalmente pela dificuldade que temos na empregabilidade de pessoas presas e egressas do sistema carcerário. O projeto tem tudo para dar certo. É um belo exemplo de reinserção social para o Brasil”, destaca o juiz Cláudio Henrique Lopes Rendeiro, titular da 1ª Vara de Execução Pena da capital.
As 50 internas que participaram da capacitação promovida pelo Sescoop-PA vão trabalhar na produção de artesanatos, como pelúcias, crochê, vassouras ecológicas, sandálias e bijuterias, entre outros produtos. As prefeituras municipais de Ananindeua e Belém já são parceiras do projeto.
“A Coopafe possibilitará que as detentas do regime fechado também atuem na fabricação das peças. Já as internas do semiaberto, com a devida autorização judicial, irão comercializar a produção em feiras de artesanato de praças públicas de Ananindeua e Belém, a partir de parcerias firmadas entre a Susipe e as prefeituras para o escoamento da produção. Com a capacitação técnica oferecida pelo Sescoop-PA, o incentivo de duas prefeituras municipais e o apoio do Judiciário, sem dúvida a Coopafe será um modelo para todo o Brasil na reinserção social de internas, com verdadeiros exemplos de mulheres empreendedoras”, finaliza André Cunha.
Texto:
Timoteo Lopes
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