Por alex castro
agosto 5, 2014
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| gayatri spivak, intelectual, mulher, indiana, autora de “pode o subalterno falar?” |
falar em outrofobia é falar do lugar de subalternidade onde as classes hegemônicas mantém diversas identidades minoritárias e marginalizadas — ou seja, subalternas.
não tem como falar de outrofobia sem falar de subalternidade.
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preso em uma cadeia fascista, o pensador italiano antonio gramsci ressignificou o conceito de “hegemonia” como a dominação ideológica de uma classe social sobre outras. as classes que sofriam o peso dessa hegemonia seriam, segundo ele, as “classes subalternas“.
anos depois, a pensadora indiana gayatri spivak fez uma importante pergunta já no título de seu mais famoso artigo: “pode o subalterno falar?” quais são os limites e possibilidades para a fala das pessoas subalternas diante da violenta dominação hegemônica?
desde então, buscando pensar e resolver essas questões, começou a se formar um campo acadêmico chamado de “estudos da subalternidade“.
portanto, quando se fala em “identidade subalterna”, não é uma crítica ou um xingamento ou uma avaliação qualitativa, mas, pelo contrário, um reconhecimento do fato de que essas identidades foram colocadas em posição subalterna por uma sociedade colonialista, branca, patriarcal, cisnormativa, heterocapitalista hegemônica.
por exemplo, em uma sociedade branca e racista (como a nossa!), pode-se dizer que as pessoas negras são uma identidade subalterna, ou seja, foram colocadas em situação de subalternidade em relação à hegemonia branca.
o mesmo vale para pessoas homossexuais em uma sociedade heteronormativa, pessoas trans* em uma sociedade cisnormativa, até mesmo para mulheres em uma sociedade machista e falocêntrica.
gayatri spivak, intelectual, autora de "pode o subalterno falar?"
gayatri spivak, intelectual, mulher, indiana, autora de “pode o subalterno falar?”
quando comecei esse blog, eu defini “outrofobia” como
“rejeição, medo ou aversão ao outro. termo genérico utilizado para abarcar diversos tipos de preconceito ao outro, como machismo, racismo, homofobia, elitismo, transfobia, classismo, gordofobia, capacitismo, intolerância religiosa, etc..”
ou seja, quem sofre outrofobia são justamente aqueles grupos que gramsci chamou ou teria chamado de “as classes subalternas”. quem sofre outrofobia é justamente o “subalterno” que spivak se pergunta se pode falar.
não tem como falar de outrofobia sem falar de subalternidade.
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alguns links sobre os estudos de subalternidade:
“pode o subalterno falar”, de gayatri spivak (vale muito a pena a leitura)
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