02/09/2014 / POR ANDRÉ JORGE DE OLIVEIRA
NA ESQUERDA UM CRÂNIO DE 100 MIL ANOS, NA DIREITA UM RECENTE (FOTO: REPRODUÇÃO) |
O mais interessante é que estas transformações ocorreram justamente na mesma época em que desenvolvíamos nossas primeiras ferramentas e começávamos a aguçar nosso senso artístico com pinturas rupestres em grutas e cavernas. Remontam a este período a popularização de armas para caça, a evidência da generalização de utensílios de ossos e chifres e também o domínio mais definitivo sobre o fogo. Intrigante mesmo é conjecturar sobre os possíveis motivos deste súbito salto no conhecimento tecnológico do Homo sapiens.
“Os comportamentos humanos modernos de inovação tecnológica, produção artística e rápido intercâmbio cultural provavelmente vieram ao mesmo tempo em que desenvolvemos um temperamento mais cooperativo”, explica o biólogo Robert Cieri, autor principal do artigo. O estudo foi publicado no periódico acadêmico Current Anthropology, da Universidade de Chicago. Os pesquisadores mediram mais de 1,4 mil crânios antigos e recentes, e constataram que no período houve uma notável redução na estrutura óssea da testa e sobrancelhas, assim como um arredondamento geral nos ossos da face. As feições mais suaves são características tipicamente femininas, mas acabaram se generalizando graças a uma acentuada redução nas taxas de testosterona.
Teorias sugerem uma mutação cerebral, o advento da linguagem, o adensamento populacional ou até mesmo o início dos alimentos cozidos. A tese deste estudo sugere que a tendência emergente da cooperação na vida em sociedade premia comportamentos agradáveis e menos agressivos (predominantes em pessoas com menos testosterona), o que levou às mudanças nos rostos e ao aumento do intercâmbio cultural. “Se as pessoas pré-históricas começaram a viver mais próximas umas das outras e a transmitir novas tecnologias, elas tiveram que ser mais tolerantes entre si”, diz Cieri. “A chave para o nosso sucesso é a habilidade de cooperar, além de saber lidar e aprender uns com os outros”.
Via EurekAlert
Revista Galileu
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