terça-feira, 7 de outubro de 2014

Como utilizar o tempo que nos resta? - Opinião e Notícia

Quanto mais o fim está próximo, menos se fala dele. O resultado é que decisões difíceis são feitas sem uma compreensão de suas consequências

5 de outubro, 2014

A vida ainda valeria a pena ser vivida caso se pudesse assistir ao futebol na televisão e comer sorvete de chocolate, mas não andar, alimentar-se ou usar o banheiro sem auxílio? Quanta dor seria aceitável em troca da chance de viver algumas semanas a mais? E como o tempo que resta seria utilizado caso se soubesse que nenhuma chance como essa resta?

Para a maioria das pessoas dos países desenvolvidos, conversas sobre tais tópicos nunca ocorrem. Jovens falam por alto que prefeririam morrer a ir para um asilo; que não querem morrer no hospital; que não querem um fim agonizante e isolado. Quanto mais o fim está próximo, menos se fala dele. O resultado é que decisões difíceis são feitas sem uma compreensão de suas consequências. Mais e mais pessoas passam suas últimas horas exatamente da maneira que não gostariam: ligadas a máquinas embaixo de luzes fluorescentes e cercadas por estranhos.

Muitas pessoas temem que um médico que não tente tudo possível tenha abandonado seus pacientes, e que por isso eles morrerão precocemente. Surpreendentemente, no entanto, a abordagem tentar-tudo parece não oferecer uma vida mais longa como resultado. Diversos estudos revelaram que os pacientes que entram na etapa de cuidados especiais, o que em geral significa abandonar as tentativas de cura. Um estudo impressionante de 2010 verificou que os pacientes com cânceres de pulmão avançados que foram atendidos por um médico de cuidados paliativos, além de receberem o tratamento oncológico normal interromperam a quimioterapia mais cedo, entraram nos cuidados especiais mais cedo, sofreram menos – e viveram 25% a mais que pacientes comparáveis que receberam apenas o atendimento normal. “Caso as discussões de fim da vida fossem um remédio experimental, a FDA as aprovaria”, afirma o Dr. Gawande. Na vida, assim como nas histórias, “os finais são importantes.”

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