sábado, 10 de janeiro de 2015

Como a 'atenção consciente' pode ajudar a desfazer preconceitos raciais inconscientes (PESQUISA)

 |  De Carolyn Gregoire
Publicado: 

Em meio à discussão nacional americana sobre o preconceito racial – e seu papel nos enfrentamentos violentos entre policiais e negros desarmados --, uma questão que vem sendo analisada é como encarar e reformar o viés implícito. Como explica Chris Mooney, da revista Mother Jones, alcançamos um novo paradoxo racial nos Estados Unidos: o racismo declarado é menos aceitável que nunca, mas somos um país que perde um homem negro para a violência policial a cada 28 horas. O preconceito racial também está vivo e forte no mundo acadêmico e na força de trabalho.

Pesquisadores da Central Michigan University podem ter feito uma descoberta capaz de contribuir para combater as associações raciais implícitas no subconsciente. De acordo com um novo estudo, a prática da “mindfulness”, ou atenção consciente, pode ajudar a combater o viés racial.

No estudo, 72 estudantes brancos completaram o Teste de Associação Implícita (TAI), uma métrica de psicologia social que visa examinar a força das associações automáticas feitas por uma pessoa. Para este experimento particular, o teste apresentou imagens de rostos negros, brancos, velhos e jovens e os fez acompanhar por palavras com associações negativas ou positivas.

Antes do TAI, metade dos participantes ouviu uma gravação de áudio de dez minutos sobre a meditação de atenção consciente. A gravação os instruiu a prestar atenção às suas sensações físicas e a aceitar essas sensações, além de seus pensamentos, sem resistência ou julgamento. A outra metade dos participantes ouviu uma discussão de dez minutos sobre história natural.

Os pesquisadores constataram que, coincidindo com pesquisas anteriores, as pessoas brancas reagem em tempo menor a palavras positivas associadas a rostos brancos que a palavras positivas associadas a rostos negros. E reagem em menos tempo a palavras negativas quando são associadas a rostos negros, em vez de brancos. Os sujeitos também revelaram associações mais fortes entre jovem e bom e entre velho e mau.

Contudo, o estudo também mostrou que a introdução breve à meditação de atenção consciente reduziu os vieses implícitos relativos a idade e raça. Isso pode dever-se ao fato de a atenção consciente reduzir a dependência do cérebro de associações automáticas, com isso moderando o pensamento enviesado, teorizaram os pesquisadores.

No ano passado, pesquisa da New York University constatou que, entre pessoas com forte preconceito racial, há diferenças maiores no modo como o cérebro registra os rostos de raças distintas – ou seja, essas pessoas enxergam diferenças maiores entre rostos negros e brancos.

Mesmo assim, as novas descobertas trazem evidências animadoras de que pode ser possível mudar reações inconscientes – e não apenas em matéria de raça.

“Essencialmente, a atenção consciente deve reduzir as associações negativas que temos com qualquer grupo estereotipado, permitindo que tratemos as pessoas em um nível mais individual, e não através de uma camada de pré-julgamento baseado nas associações que fazemos com seu grupo”, escreveu um dos autores do estudo, Dr. Adam Lueke, em e-mail ao Huffington Post. O estudo foi publicado no periódico Social Psychology and Personality Science. 

Este artigo foi originalmente publicado pelo HuffPost US e traduzido do inglês.

Brasil Post

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