sexta-feira, 10 de abril de 2015

Em desenhos, crianças da Nigéria retratam horror de experiência com grupo Boko Haram


Patrícia Dichtchekenian | São Paulo - 10/04/2015

Com lápis coloridos, canetas e papel, novas gerações expõem em campos de refugiados os traumas de infância interrompida com violência de extremistas
Embora atue há mais de dez anos, o grupo islâmico Boko Haram ficou conhecido internacionalmente após o rapto de mais de 230 meninas em abril passado na Nigéria. Preocupados com o impacto psicológico da intensificação desses ataques violentos nos últimos meses, funcionários da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) realizaram uma série de trabalhos de apoio psicossocial  em campos de refugiados.


Desenho de Fanna, de 8 anos: "eles mataram duas pessoas em nossa casa. Na estrada, mais três. Tive muito medo", relembra / Reprodução/ Unicef



















Trata-se de uma tentativa de fornecer terapia aos mais de 150 mil civis – mulheres e crianças em sua maioria – que se deslocam até países vizinhos como Níger e Chade em busca de segurança. Munidas de papéis, canetas e lápis coloridos, as novas gerações desenham e exteriorizam atrocidades cometidas por membros do Boko Haram em sua trajetória.

“Nós estávamos na escola quando eles chegaram. Nossos professores nos disseram para sair e correr. Nós então começamos a correr até nossas casas, onde nos escondemos embaixo da cama. Eles mataram meu avô e nos disseram para não fugir, pois faziam o trabalho de Alá”, conta Aïcha, uma menina de 9 anos.

“Durante a manhã, ouvimos barulhos de tiros incessantes. No começo, achávamos que eram militares que testavam suas armas. Depois, vimos pessoas correndo e então nós fugimos”, relata Ousmane, um menino de também 9 anos.





















“Eu vi cadáveres e cabeças de sangue por todos os lugares. Animais que corriam, que choravam...”, recorda Amina, uma garotinha de 6 anos. “Vi fuzis e facões. Eles assassinavam as pessoas com seus fuzis e decapitavam com seus facões”, descreve Bintou, de 10.

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