Por Thalif Deen, da IPS –
Nações Unidas, 28/7/2015 – Quando, aos seus 21 anos, o príncipe herdeiro da Jordânia, Hussein bin Abdalá, presidiu em abril uma sessão do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), se converteu na pessoa mais jovem à frente de um dos órgãos políticos mais poderosos do mundo. O cargo foi temporariamente seu porque a Jordânia ocupou nesse mês a presidência mensal do Conselho de Segurança, cujos 15 Estados membros têm a faculdade para fazer a guerra e declarar a paz.
“Eu disse ao príncipe: estamos vivendo no século 21 e você está liderando o mundo no século 21”, contou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, após a sessão, que se centrou no papel dos jovens na luta contra o extremismo violento e pela promoção da paz. Para Ban, esta é uma época de grande poder para os jovens, e os educadores têm o papel de lhes ensinar aquilo que é importante para serem cidadãos do mundo e futuros líderes.
A ONU recorre às gerações mais jovens para dirigir a luta contra a intolerância, que inclui homofobia, racismo, discriminação por motivo de gênero e xenofobia. A iniciativa Impacto Acadêmico (Unai), que as Nações Unidas lançaram em 2010, pretende ter a colaboração de instituições de educação superior para realizar os princípios universalmente aceitos de direitos humanos, a alfabetização, a sustentabilidade e a solução de conflitos.
Atualmente, cerca de 30 redes internacionais de universidades e outros institutos de ensino superior apoiam a Unai, representando quase mil instituições que aderiram à campanha de base. “Trabalhamos com instituições educacionais e outros membros da sociedade civil por mais de 11 anos em uma série de seminários intitulada Desaprendendo a Intolerância, explicou Ramu Damodaran, chefe da Divisão de Extensão do Departamento de Informação Pública da Unai.
Em junho, a Unai colaborou com a Fundação UnHate (deixar de odiar), do italiano Grupo Benetton, em um concurso de diversidade para mostrar a contribuição de “jovens de todo o mundo para as soluções elaboradas pessoalmente, que abordam alguns dos problemas mais urgentes do mundo”, informou Damodaran. “Quando a Unai foi criada em 2009, era evidente que este deveria ser um de seus princípios básicos”, acrescentou.
Segundo Damodaran, “quando a Fundação UnHate nos apresentou essa iniciativa, aproveitamos a oportunidade, já que o projeto vai além de falar ou debater sobre os problemas vitais da diversidade e do respeito, e financia projetos específicos, até dez no total”. Cada aspecto é gerido pelos estudantes e professores que concebem o projeto, calculam seu alcance e os custos e em seguida, caso seja escolhido, se encarregam de sua execução, acrescentou.
O concurso teve mais de cem inscritos de 31 países com ideias e soluções inovadoras para lidar com a intolerância, o racismo e o extremismo, entre outros problemas. Um painel de juízes escolheu dez ganhadores que receberam 20 mil euros cada um, doados pela United Colors of Benetton, com sede na Itália.
A ONU afirma que o concurso foi notável por várias razões. Primeiro, em lugar de pedir que os interessados se limitassem a escrever sobre os problemas do mundo, teve um enfoque proativo e solicitou soluções, dando-lhes recursos financeiros importantes para realizá-las. “Este é um empoderamento real da sociedade civil, e da juventude, para mudar o mundo, como muitos dos ganhadores reconheceram com razão em suas reações ao ganhar o prêmio”, diz um comunicado da ONU.
A variedade de tipos de intolerância abordada foi notável, e incluiu a capacitação e a educação das mulheres, os direitos da população LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, trans e intersexuais), os direitos indígenas e propostas para enfrentar a intolerância das principais religiões e os conflitos entre grupos étnicos. Os dez ganhadores são de Alemanha, Burundi, Canadá, China, Estados Unidos, Índia, México, Paquistão e África do Sul.
Os projetos escolhidos propõem, por exemplo, facilitar a educação secundária e superior das mulheres indígenas no sul da Índia, promover a harmonia e o conhecimento religioso entre cristãos, hindus e muçulmanos no Paquistão, enfrentar o preconceito e a discriminação que sofre o coletivo LGBTI na Índia e no México, maiores oportunidades de emprego para as mulheres muçulmanas na Alemanha, documentar as vozes dos imigrantes mexicanos nos Estados Unidos, retratar a vida cotidiana e as aspirações de palestinos de diversas origens.
Ban Ki-moon identificou várias outras iniciativas da Unai que ajudam a ONU, como a de pesquisadores da Universidade de Edimburgo, na Escócia, integraram uma equipe que estudou a origem do vírus ebola, causador de um foco mortal da doença em 2014 em vários países africanos e a da Faculdade de Arquitetura para Mulheres Bhanuben Nanavati da Índia, que colabora com entidades associadas na Tanzânia em matéria de moradia sustentável.
O secretário-geral citou ainda a Universidade Nacional Al Farabi, do Cazaquistão, que investiga novos modelos para a energia renovável, enquanto a Universidade JF Oberlin, do Japão, lançou um ramo juvenil da Unai, chamada Aspire (ação estudantil para promover a inovação e a reforma por meio da educação).
No Catar, a fundação Educação Acima de Tudo, presidida pela xequesa Mozah bint Nasser al Missned, defende o direito das crianças de continuar aprendendo em zonas de perigo. Na Coreia do Sul, a Universidade Global Handong continua seus programas de formação empresarial para ajudar os jovens a criarem postos de trabalho e não apenas buscá-los.
Envolverde/IPS
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