04/09/2015
Paris - Uma mulher em cada três é vítima de violência no mundo, geralmente provocada pelo parceiro - foi o que ressaltaram especialistas durante uma conferência sobre violência e sexualidade organizada em Paris.
"As violências cometidas contra as mulheres, as crianças e particularmente às meninas, não são violências comuns", afirmou a ministra francesa da Saúde, Marisol Touraine, durante a reunião organizada pela cátedra Unesco sobre saúde sexual e direitos humanos.
"Elas têm o mesmo objetivo e o mesmo resultado: reproduzir, geração após geração, as desigualdades entre mulheres e homens, manter a submissão das mulheres e - sejamos francos - a dominação masculina", disse Touraine.

No mundo, quase um terço (30%) das mulheres que vivem uma relação conjugal dizem ter sofrido violências físicas e/ou sexuais vindas do parceiro, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Este número é da ordem de 35% das mulheres se for levado em conta outros agressores além dos parceiros, explicou Claudia Garcia-Moreno, encarregada de pesquisas sobre as violências contra a mulher na OMS. Existem, contudo, variações segundo as regiões ou países, que podem ser grandes, segundo ela.
No sudoeste asiático, a taxa de prevalência de violências conjugais é de 37,7%, de 37% no Oriente Médio, 36,6% na África e 23% nos países mais ricos.
Cerca de 38% dos assassinatos de mulheres no mundo são cometidos pelo parceiro.
As violências também podem levar a diversos males: depressão, estados de estresse pós-traumático, suicídios, transmissão de DSTs (entre elas aids ou sífilis) e abuso de álcool, por exemplo.
A especialista da OMS recomendou o desenvolvimento da formação de profissionais de saúde, da prevenção, que deve em particular "levar mais em consideração as crianças".
Quase um terço dos meninos que foram testemunhas de violências contra suas mães, ou que foram abusados, têm maior risco de reproduzir estes comportamentos, enquanto as meninas correm o risco de se verem mais frequentemente em relações abusivas.
Joanna Herat, da Unesco, insistiu sobre o papel da formação no ambiente escolar para "combater as normas que levam a achar normal bater numa mulher, numa criança, ou as violências sexuais".
"O tema da violência na escola foi um tabu durante muito tempo, sobretudo a violência sexual. E este fenômeno existe em todos os países", ressaltou.