quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Fotógrafo registra dor e lágrimas de meninas em cerimônia de mutilação genital feminina no Quênia

Apesar da proibição por lei, as tribos do país continuam com a prática

14/11/2014
Do R7

Em muitas tribos africanas, a mutilação genital é comum para jovens meninas na fase de transição para a vida adulta. O procedimento inclui a remoção parcial ou total dos órgãos genitais externos, além da costura da vagina. Dessa forma, seguindo os ensinamentos dos ancestrais, as tribos acreditam que a mulher tenha o desejo sexual reduzido, e que isso colabore para que a honra da família não seja manchada.

O fotógrafo Siegdfried Modola, da agência Reuters, capturou cenas da cerimônia na tribo Pokot, na zona rural do Quênia, onde, apesar do ritual ser proibido por lei, continua presente na rotina das meninas.

Nuas e cobertas apenas com uma capa feita de pele de animal, as meninas são levadas pelas próprias famílias para o ritual. 

De acordo com o fotógrafo, a mutilação é motivo de orgulho para os pais. Uma das mães, disse que acreditava que a dor faria a filha mais forte.

— Ela pode mostrar ao resto da comunidade que ela pode suportar disso.

Proibida desde 2011, a mutilação genital já foi feita em cerca de 25% das mulheres quenianas. Apesar dos esforços do governo em acabar com a prática no leste africano, os entrevistados pelo fotógrafo confirmaram que ainda existem muitos casos dentro das tribos. 

"É uma tradição que vem acontecendo sempre", disse o pai de uma das meninas, que pediu para não ser identificado, com medo de represálias. 

— As meninas são mutiladas para se casar. É a transição de uma menina para mulher.

Famílias inteiras participam do ritual, apesar de só mulheres assistirem ao ato da mutilação. Durante os dias que antecedem o procedimento, as pessoas fazem uma verdadeira festa, com danças e comidas típicas. De acordo com Modola, muitos ficam embriagados durante a cerimônia.

Mas as meninas permanecem assustadas por saber que, em seguida, vão enfrentar um doloroso procedimento.

Segundo o fotógrafo, que acompanhou um dos rituais, qualquer objeto cortante, como lâminas de barbear, tesoura ou vidros pontiagudos, podem ser utilizados no procedimento. 

No dia em que Modola estava na tribo, a mulher responsável pela mutilação usou uma lâmina de barbear.

R7

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