Vídeos, textos e fotos que propaguem prisões, ideias preconceituosas ou violência virtual não merecem ser compartilhados
No cansaço de fim de ano tem sempre um bocado de clima de renovação. A vontade de ser uma pessoa melhor no próximo ciclo vem junto da listinha de mudanças. Aqui no PapodeHomem, decidimos convidar diferentes autores pra escrever uma lista de 15 práticas pra começar 2016 com o pé direito - um texto por dia com uma sugestão de mudança pra uma vida mais plena no próximo ano.
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Um 2015 conturbado e cheio de timelines indignadas fechou com a cereja do bolo dos conteúdos ruins: o vídeo de flagrante da traição de Fabíola.
Prometo que essa prática já estava no meu radar mental antes do episódio, já que pelo ano todo me causaram certo incômodo os posts que povoavam minhas redes sociais. Boa parte deles compartilhava ideias preconceituosas ou aprisionantes, humilhações e violência virtual, ainda que boa parte dos meus amigos compartilhassem para criticar.
Parei pra pensar sobre quantas notícias ruins e que me causavam indignação eu mesma propagava. Resolvi diminuir drasticamente essa toxicidade.
É claro que ainda é importante que falemos sobre esse tipo de conteúdo, que ela seja pautado nas mesas de bar e posto em discussão, questionamento. Mas compartilhá-los todos e exaustivamente acabava por criar um estado mental defensivo, fechado para o diálogo e o ouvir e preparado pro ataque. Pra não falar na ansiedade social.
Por essas e outras, sugiro que em 2016 nós paremos de compartilhar conteúdos danosos, por três perspectivas.
Não republique vídeos e fotos que propaguem prisões
Se você está sentindo que aqueles seus amigos politicamente corretos vão encucar com o seu share, repense. Por que eles o fariam?
Há algo nesse conteúdo que pode ofender alguém? Há algo nesse conteúdo que pode reprimir o jeito como alguém se comporta? Há algo nesse vídeo que faz graça às custas de um grupo de pessoas?
Você ficaria satisfeito por saber que alguém se sentiu mal e triste ao consumir o conteúdo que compartilhou?
Se for criticar, não propagandeie
Arriscaria dizer que as nossas principais plataformas de compartilhamento de conteúdo são as redes sociais.
Acontece que elas funcionam na base de algoritmos que beneficiam aqueles cujo conteúdo foi mais visto. Ou seja, quanto mais pessoas viram e republicaram um post, mais ele aparecerá na tela de pessoas aleatórias, mais se espalhará pela rede e mais dinheiro gerará. Só que nessa, meu amigo, seu textão ficou pra trás – e você terá contribuído para propagar o dano.
Acredite: se você viu e já escreveu textão, todo mundo já viu. Publique a crítica se a achar construtiva. E só.
Cheque a veracidade do que compartilha
Sempre que possível, confirme se o post republicado tem fundo verdadeiro em mais de uma fonte.
Muitas vezes essas correntes não chegam a ser danosas, nada mais do que irrelevantes, e só te enchem o saco no whatsapp. Só que quando há gente dizendo que epidemias foram causadas por vacinas sem respaldo científico ou que elas podem ser transmitidas para crianças e bebês indiscriminadamente, a gente começa a refletir sobre como uma atitude dessa poderia até ser ingênua, mas é só irresponsável.
Cheque fontes oficiais e os principais jornais e revistas. Eles podem errar, mas a chance é consideravelmente menor. São substancialmente mais confiáveis que seu colega no grupo da pelada de sexta.
Saiba que todas as fontes têm seus interesses, e consulte mídias que declaram diferentes visões editoriais e opiniões políticas. Cruze fatos e dados, reflita. Se precisar, questione: isso faz sentido?
Assumir a responsabilidade pelo que dizemos e, nos ambientes virtuais, republicamos, é essencial.
publicado em 22 de Dezembro de 2015
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