sexta-feira, 10 de junho de 2016

As velhas DSTs voltam a assustar

Um tipo de gonorreia super-resistente está se espalhando. É uma nova preocupação para os jovens que usam os aplicativos de encontro

JAIRO BOUER
30/05/2016

Um surto de gonorreia resistente ao tratamento convencional tem assustado o Reino Unido desde o final do ano passado. Com 34 casos já confirmados, o grande temor das autoridades é o surgimento de uma “superbactéria” que não seja sensível a nenhum dos antibióticos disponíveis hoje.

No início de maio, a agência de saúde pública da Inglaterra alertou que esses casos podem ser apenas parte do problema, já que 10% dos homens heterossexuais e metade das mulheres e gays podem não apresentar sintomas. Mesmo sem nenhum sinal, a doença é transmissível: 90% dos parceiros e parceiras sexuais daqueles que estavam infectados pela bactéria resistente também tinham gonorreia.

O atual surto, que começou em casais heterossexuais, agora já atingiu o grupo dos homens que fazem sexo com outros homens, o que poderia aumentar sua velocidade de transmissão, já que esse grupo tende a trocar de parceiros com maior frequência.

A gonorreia é considerada a segunda doença bacteriana mais comum transmitida pelo sexo, atrás apenas da infecção provocada pela clamídia. Ela aumentou cerca de 20% no Reino Unido no último ano, com quase 35 mil casos confirmados, a maioria na população abaixo dos 25 anos. Bom lembrar que uma pessoa pode se contaminar com a doença mais de uma vez e que a presença da bactéria aumenta os riscos de infecção pelo vírus HIV, causador da aids.

Sem tratamento, a gonorreia pode causar inflamação do útero e trompas, provocar infertilidade e ser transmitida da mãe para o feto durante a gravidez, o que aumenta o risco de aborto, parto prematuro e problemas de saúde do bebê (como cegueira).

Como medidas para conter o avanço da gonorreia, os especialistas sugerem sexo seguro, teste diagnóstico e tratamento dos parceiros. Para evitar a resistência, seria importante controlar o uso indiscriminado de antibióticos e seguir o tratamento indicado pelo médico de forma correta.

Desafio à vista: no último ano, muito se falou do uso crescente de aplicativos de encontro pelos jovens e do aumento das DSTs, inclusive da gonorreia, nos Estados Unidos e na Europa. Agindo na pressão, por impulso, o jovem se arriscaria mais e usaria menos camisinha. O relatório de um consórcio internacional divulgado na última semana, baseado no levantamento Global Burden of Disease, mostrou que o sexo sem proteção foi o fator de risco que mais cresceu entre os jovens de 1990 a 2013 e, hoje, é o segundo que mais impacta a saúde daqueles que têm entre 15 e 19 anos. Na frente dele, apenas o consumo de álcool. Que tal repensar, mais uma vez, as estratégias de educação sexual?

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