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sábado, 18 de junho de 2016

Como cobrir casos de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes?

13/06/2016

A imprensa realiza, historicamente, uma função social em relação à sociedade. Ela é a responsável por denunciar casos de violações dos direitos humanos e também fortalecer o debate público acerca deste tema. A cobertura jornalística de casos que envolvem o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes, entretanto, precisa de atenção redobrada. Por envolver um tema que ainda é encarado como tabu para muitas pessoas e, por muitas vezes, causar comoção nacional, o trabalho deste profissional deve ser cuidadosamente elaborado. 

Manter a calma e saber ouvir todos os lados de uma mesma história é imprescindível para o jornalista neste momento. Ele deve buscar opiniões de especialistas no tema, além de informações para entender melhor do assunto. As entrevistas devem ser realizadas com muita cautela e de maneira que a vítima não reascenda traumas enfrentados, respeitando sempre seus limites e evitando quaisquer pressões externas.  Além disso, é necessário evitar fazer fotografias ou imagens que deixem a mostra sua identidade. De acordo com o artigo 247 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), é expressamente vedada a publicação do nome e imagem da criança ou adolescente.

Segundo Antônio Augusto Silva da ANDI (Agência Nacional dos Direitos da Infância), “quando se tem casos assim na mídia, há dupla vitimização da pessoa: pela violência sofrida e por sua exposição, já que ela é colocada em um lugar de destaque na imprensa”. Ele ainda acrescenta que a postura que um jornalista deve ter nestas circunstâncias é de respeito pois “é sempre uma questão difícil porque envolve dignidade e a autoestima das pessoas”.

Além disto, o profissional não pode generalizar ou reduzir a reportagem à apenas uma personagem. A pluralidade do conteúdo reforça o debate público para que se entenda que o problema é uma questão social e que a proteção às crianças e adolescentes é um dever de todos. Por isso, é necessário sempre intercalar histórias factuais com questões gerais, além de evitar os maniqueísmos que comprometem o debate.

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