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A tenista Serena Williams fez o mundo vibrar com um feito inédito no último sábado (9). Ela conquistou seu 22º título de Grand Slam, igualando o recorde da atleta alemã Steff Graff.
Também campeã olímpica e detentora de mais 13 títulos de Slam nas duplas com sua irmã (a também tenista Venus), Serena é sem dúvida uma das maiores atletas de todos os tempos.
Infelizmente, o talento e competência da norte-americana dentro das quadras não a imunizam de ofensas racistas e misóginas na internet.
Não é difícil encontrar nas redes sociais sujeitos que disparam sobre ela xingamentos como “macaca”, “deselegante”; que a chamem de “Serenão” ou ainda que critiquem seu porte físico.
No entanto, além de ser uma lenda vida do esporte, a atleta de 34 anos é também um ícone no que diz respeito à resiliência e auto-confiança. Em recente entrevista ao programa Good Morning América ela deixou isso bem claro:
“Sou eu. E eu me amo. Aprendi a me amar e fui assim durante toda a minha vida. Sou forte, poderosa e não tem nada de errado com isso.”
Essa postura resistente diante do preconceito e racismo alheios deu um significado especial a um vídeo publicado pela BBC no Facebook no final de semana (e que já soma mais de 1 milhão de visualizações).
No registro (assista no player acima), a tenista recita o tocante poema Ainda Assim me Levanto, da escritora e ativista Maya Angelou (1928-2014). O texto aborda a resistência que o negro tem (e necessita ter) para obter uma vida digna.
Leia o poema na íntegra (com tradução de Francesca Angiolillo):
Ainda Assim me LevantoVocê pode me inscrever na históriaCom as mentiras amargas que contarVocê pode me arrastar no pó,Ainda assim, como pó, vou me levantar
Minha elegância o perturba?Por que você afunda no pesar?Porque eu caminho como se eu tivessePetróleo jorrando na sala de estar
Assim como a lua ou o solCom a certeza das ondas no marComo se ergue a esperançaAinda assim, vou me levantar
Você queria me ver abatida?Cabeça baixa, olhar caído,Ombros curvados como lágrimas,Com a alma a gritar enfraquecida?
Minha altivez o ofende?Não leve isso tão a malSó porque eu rio como se tivesseMinas de ouro no quintal
Você pode me fuzilar com palavrasE me retalhar com seu olharPode me matar com seu ódioAinda assim, como ar, vou me levantar
Minha sensualidade o agitaE você, surpreso, se admiraAo me ver dançar como se tivesseDiamantes na altura da virilha?
Das choças dessa história escandalosaEu me levantoDe um passado que se ancora dolorosoEu me levantoSou um oceano negro, vasto e irrequietoIndo e vindo contra as marés eu me elevoEsquecendo noites de terror e medoEu me levantoNuma luz incomumente clara de manhã cedoEu me levantoTrazendo os dons dos meus antepassadosEu sou o sonho e as esperanças dos escravosEu me levantoEu me levantoEu me levanto
Maya Angelou exerceu diversas atividades ao longo de sua vida.
Foi poetisa, escritora, ativista de direitos civis e historiadora. Foi também dançarina, cantora, motorista de ônibus e editora de uma revista no Cairo, no Egito, além de assistente administrativa em Gana e atriz.
Maya foi também amiga de alguns dos maiores líderes negros do século 20, incluindo James Baldwin, Martin Luther King Jr. e Malcolm X.
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