O truque das assessoras da Casa Branca para serem ouvidas

Assessoras da Casa Branca criam método simples e eficaz para lidar com um antigo problema feminino: o desafio de ter a voz respeitada

14 set, 2016

Ter um cargo na Casa Branca requer tenacidade e aptidão para realizar múltiplas tarefas. Entre os vários desafios enfrentados pelos que trabalham no centro do poder americano, um, historicamente, sempre foi mais difícil para mulheres: o desafio de ser ouvido.

A presença de mulheres nas mesas de negociações é escassa em um país que teve apenas presidentes homens, sempre com mais homens do que mulheres entre seus principais assessores. Para completar, as mulheres costumam ser mais interrompidas que os homens enquanto falam, algo confirmado por décadas de pesquisas.

Para contornar esse problema, mulheres que trabalham na Casa Branca desenvolveram uma simples e eficiente estratégia retórica, batizada de “amplificação”. Ela funciona da seguinte forma: quando uma mulher apresenta um bom ponto de vista, outra mulher o repete, dando crédito à autora. Isso reforça o argumento, tornando-o mais difícil de ser ignorado ou “roubado” por um homem. Além disso, a estratégia combate as interrupções.

“Começamos a fazer isso recentemente e fizemos disso um propósito. Era algo diário”, disse uma ex-assessora de Barack Obama, que concordou em falar ao Washington Post sob condição de anonimato. Ela afirmou que isso chamou a atenção de Obama, que passou a consultar mais a opinião das mulheres.

A estratégia da amplificação comprova algo que a poesia e a história da oratória já haviam identificado: que a repetição é uma das mais simples e eficazes formas de reforçar um argumento. Além disso, ela mostra uma mudança na forma como as mulheres se relacionam.

Em 2015, a chefe de operações do Facebook Sheryl Sandberg escreveu em seu livro “Faça Acontecer” que a presença de poucas mulheres nas mesas de discussões gerou uma tendência de sabotagem. “Em tempos de tokenismo, as mulheres observavam a sala e em vez de se unir contra um sistema injusto, elas se enxergavam como concorrentes. Acabaram sendo ignoradas, neutralizadas e, em alguns casos, até sabotadas por outras mulheres”.

A estratégia da amplificação mostra que as mulheres entenderam que são mais fortes juntas do que separadas.

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