sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Grace Jones: a diva máxima da música pop toca no Brasil em novembro, entenda por que ela é mais poderosa que a Madonna

Publicado em: 20/10/2016

Grace Jones é o mais alto state of art que a música pop conseguiu alcançar em todos os tempos. E ela estará entre nós nos próximos dias 18 de novembro, em São Paulo, como headliner da festa D-Edge Concept, e no dia seguinte, 19, no Rio de Janeiro, como estrela máxima do festival Back2Black.

Por Mauro Borges, do  Music Non Stop

Nascida em 1948, na Jamaica, filha de um pastor e de uma costureira, Grace cresceu ao lado de seis irmãos. Cantou na igreja do pai, mas desde pequena se mostrava interessada em moda. Diz a lenda que seu primeiro modelo exótico, feito por ela mesma aos 11 anos, era um guarda-chuva, no qual ela abriu um buraco em cima e o transformou num vestido.

Performática desde sempre, Grace estudou Artes Dramáticas na Universidade Syracuse em Nova York antes de se tornar modelo famosa no circuito internacional.

A fama e a imagem conquistadas como modelo no início dos anos 70 foram o trampolim para lançar seus primeiros singles entre 75 e 76, ainda sem fazer muito barulho na mídia.

O primeiro álbum, Portfolio, lançado em 77, saiu pela gravadora Island, lar de artistas de reggae. Mas o disco era recheado com o som do momento, a disco music. E logo de cara, Grace tinha um hit na parada pop, Sorry, e, no lado B, seu primeiro hino gay, I Need a Man, que fez parte da trilha da novela global Sem Lenço, Sem Documento.

Grace Jones – I Need A Man 


No Brasil, ela estourou com That’s The Trouble, que foi incluída na trilha da novela Locomotivas. Ainda em Portfolio tem a versão maravilhosa de La Vie En Rose, que se compara à de Edith Piaff, até hoje um de seus maiores hinos, também incluída em trilha de novela (Pulo do Gato). Ou seja, Grace se tornou muito popular no Brasil logo de cara.

Grace Jones – La Vie en Rose


Com um visual único, fashion, andrógino, Grace logo de cara foi cercada pelo boato de que não era mulher. Claro que ela amou a fofoca e se empenhou em aumentar a confusão. Chamando a atenção de ninguém menos que o papa da pop art, Andy Warhol, que teve nela uma de suas principais modelos e inspiração. Com Warhol sempre ao lado, Grace também foi presença constante e marcante na mais famosa pista de dança de todos os tempos, o Studio 54. Como essa mulher causou neste lugar. Performando ou fervendo, só dava ela. E sua fama de louca se espalhava pelo mundo.

Em 1978, Grace lançou seu segundo álbum, Fame, com mais uma capa maravilhosa assinada pelo grande fotografo Richard Bernstein.

A produção, mais uma vez, era de Tom Moulton, o homem que inventou os remixes extended. O disco repetia a fórmula do primeiro, sendo um dos lados non-stop disco music e trazia um de seus maiores hits de pista, Do Or Die, e ainda mais duas regravações de músicas francesas, Autumm Leaves e Comme Un Oiseau Qui S’ Envolve. Se não foi mega hit nos EUA, reforçou a imagem de disco diva de miss Jones e a levou ao topo na Europa, em especial na Itália, onde ela possui sua mais fiel legião de fãs.

Grace Jones – Do or Die


O terceiro álbum de Grace ganhou mais uma vez capa de Richard Bernstein e produção de Tom Moulton. Lançado no início da onda disco sucks, passou batido e só teve um single de sucesso, Down On Your Knees. Mas Grace não estava disposta a ser esquecida e se reinventou e abraçou a onda new wave que abalava a cena pop de todo o mundo no fim dos anos 70 .

Grace Jones – On Your Knees


E então, no balaio de Grace, saía a disco music e entrava rock, new wave, funk, world music e até que enfim o reggae. Trabalhando com os lendários Sly Dunbar e Robbie Shakespeare, ao lado do Chic, a mais poderosa base rítmica da história da música. Grace regrava Roxy Music (Love is A Drug), Pretenders (Private Life) e Smokey Robinson (The Hunter Gets Captured By The Game), além de uma versão de She’s Lost Control, do Joy Division, encontrada apenas como single e em uma versão reggae. Com a capa linda, feita por seu namorado, o artista gráfico Jean Paul Goude, e aclamado pela crítica, o álbum teve relativo sucesso, mas foi seu primeiro álbum a entrar nos charts no Reino Unido.

Grace Jones – Love Is The Drug

As coisas mudaram em 1981, com o lançamento de seu quinto álbum, Night Clubbing, com músicas de Sting, Iggy Pop, David Bowie e Astor Piazolla. Com produção de Sly Dunbar e Robbie Shakespeare, foi seu primeiro grande sucesso comercial, conquistando boas posições nas paradas americana e inglesa. Teve em Pull Up To The Bumper, misto de funk e reggae, seu grande sucesso. A regravação de Libertango de Astor Piazolla, causou comoção no mundo da música e fez de Grace a musa da nova década de 80! O álbum ainda tinha a maravilhosa Walking In The Rain. Nessa época, Grace imortalizou o corte de cabelo quadrado, copiado por toda a comunidade negra americana e depois em todo o mundo. Carl Lewis, Arsenio Hall, Nona Henryx e tantos copiaram o corte. E assim ela se tornava um fenômeno pop! NightClubbing acabou sendo escolhido o disco do ano pela conceituada New Musical Express naquele ano. Merecido.

Grace Jones – Pull Up To The Bumper

Nesse período, Grace lançou o One Man Show, dirigido por Goude e depois transformado em vídeo conceitual e inovador, que impactou a indústria com sua estética sofisticada, transformando-se em item obrigatório para quem queria ser moderno.

Grace Jones – One Man Show

Living My Life, seu sexto álbum pela Island Records, se voltou para o reggae e conquistou o número 15 da parada inglesa. Vendeu quase 500 mil cópias em todo o mundo. A capa, feita mais uma vez por Jean Paul Goude, reforça a imagem andrógina da cantora e teve produção dos magos Dunbar e Shakespeare. Pela primeira vez, quase todas as faixas foram compostas pela própria Grace.

Grace Jones – My Jamaican Guy

Ainda em 84, Grace participou do projeto paralelo de Simon Lebon e Nick Rhodes, voz e teclados do Duran Duran. Sem créditos ou aparição no videoclip, Grace arrasa em Election Day, do Arcadia. O único featuring de sua carreira.

Arcadia – Election Day


Mais do que em alta, em 1985, Grace lança um de seus mais ousados projetos. Produzido pelo badalado Trevor Horn (ex-Yes), Slave To The Rhythm, seu sétimo lançamento, foi um álbum com a mesma música em várias versões. Não eram remixes e sim versões incríveis, sendo a original um megahit mundial. Com mais uma desconcertante capa feita por J.P Goude, que também dirigiu o fabuloso clipe.

Grace Jones – Slave to the Rhythm 


O oitavo disco traz uma nova Grace, agora nas mãos do mago do ritmo, Nile Rodgers, guitarrista do lendário grupo Chic. Também marca o fim do contrato com a Island e da parceria com Jean Paul Goude. Agora na gravadora Manhattan, subsidiária da EMI, o trabalho vem com a capa e clipe do maior hit de toda a sua carreira, I’m Not Perfect, But I’m Perfect for You, assinados por ninguém menos que Andy Wharol, que no vídeo diz a famosa frase Grace’s perfect, Graces divine. Pura verdade.

Grace Jones – I’m Not Perfect But I’m Perfect For You


Mais uma capa absurda em um álbum recebido com frieza: BulettProof Heart saiu em 89, produzido pelos magos do C&C Music Factory, mostra uma Grace antenada, mas deslocada no mundo megapop. Mesmo assim, o disco teve um grande hit de pistas, Love On Top of Love. Outro bom momento do álbum foi a regravação de Amado Mio, tema do filme Gilda com Rita Hayworth.

Grace Jones – Love On Top Of Love

Nos anos 90, Grace decidiu não fazer mais álbuns e passou a viver de singles e shows, sempre lotados. Mas o jejum de quase 20 anos foi quebrado em 2008, com o lançamento do disco Hurricane, produzido por Ivor Guest e com nomes como Brian Eno, Wendy e Lisa (Prince), Sly Dunbar e Robbie Shakespeare e vários músicos do primeiro escalão. Aclamado pela critica, Hurricane mistura música eletrônica, dub e soul music. Na tour, ela se apresentou ao lado do Massive Attack em shows lotados.

Grace Jones – Corporate Cannibal


Grace também desenvolveu uma carreira como atriz, sendo seu personagens mais famosos nos filmes Conan, o Bárbaro e 007 A View to a Kill. Além de ser uma devoradora de homens tão incríveis quanto ela. Como diria Andy Wharol se estivesse vivo: Grace is still perfect, Grace is still divine.

Grace Jones @ D-Edge Concept
Sexta, 18 de novembro, a partir das 23h
Tom Brasil – HSBC
Rua Bragança Paulista, 1281, São Paulo
Line-up: Grace Jones, Underground Resistence presents: Depth Charge, Renato Ratier e Edu Coreli
Preço: R$ 110 (meia, 1o lote) e R$ 220 (inteira, 1o lote)
Pontos de venda: Ratier (Alameda Lorena, 2016), Bossa (Alameda Lorena, 2008), D-Edge (Alameda Olga, 170) ou pelo site Ingresso Rápido.

Grace Jones@ Back2Black
Sábado, 19 de novembro, a partir das 18h
Cidade das Artes
Avenida das Américas, 5300 – Barra da Tijuca
Preço: a partir de R$ 125
Venda online: site Ingresso Rápido

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