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sábado, 4 de fevereiro de 2017

Geração de autoras negras usa escrita para refletir sobre suas origens

Elas têm olhar contemporâneo e cosmopolita

04/02/2017 - por ANA CAROLINA RALSTON E MARINA MILHOMEM

A nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, 39 anos, extrapolou o universo dos livros quando trechos de seu discurso Sejamos Todos Feministas, realizado em 2012 durante o TED Talk, ganhou a voz de Beyoncé dois anos depois, no hit Flawless. A validação de seu nome pela diva pop confirmou mais uma vez que a escritora é um dos talentos mais relevantes da literatura atual.
Chimamanda foi uma das autoras negras que abriram caminho para uma geração que vem se debruçando sobre seu passado de forma contemporânea. Antes de lançar seu primeiro livro, em 2003, ela chegou a ouvir que seria mais fácil publicá-lo se fosse indiana, nacionalidade em alta naqueles tempos.

Hoje, a nigeriana e outras autoras com raízes africanas que escrevem em inglês, como Zadie Smith Yaa Gyasi, ocupam os rankings de livros mais vendidos nos Estados Unidos e na Europa.

Elas fazem parte de um grupo de mulheres que nasceram longe da terra de seus ancestrais, ou que a deixaram ainda criança, e que retratam em seus livros os desdobramentos da relação entre a cultura afro e a que está ao seu redor, pelos olhos de cidadãos negros cosmopolitas.
Entre o passado e o presente (Foto: Divulgação, Adriana Vichi, Michael Lionstar, Reprodução e Getty Images)

























Essa ligação entre o passado e o presente tratada de uma forma atual foi o que colocou Swing Time (à venda na Amazon, ainda sem previsão de lançamento no Brasil) entre os best-sellers do ano passado.

Escrito pela autora inglesa de origem jamaicana Zadie Smith, o romance remete à história que consagrou a napolitana Elena Ferrante em sua tetralogia iniciada pelo bem-sucedido A Amiga Genial.

A narrativa de Zadie trata de duas amigas mestiças que sonham ser dançarinas - mas apenas uma delas possui talento para os palcos. É na outra, no entanto, que o leitor encontra a reflexão feita de forma impactante de temas que circundam a paixão das jovens, como a história da música negra, a relação entre ritmo e rituais de tribos africanas e as raízes de ambas as famílias.
Entre o passado e o presente (Foto: Divulgação, Adriana Vichi, Michael Lionstar, Reprodução e Getty Images)

























Esse retorno às origens aparece também no ótimo Homegoing - a ser lançado no próximo mês de junho pela Companhia das Letras -, da autora nascida em Gana e radicada nos Estados Unidos Yaa Gyasi.

Nele, a escritora de 26 anos narra a história de duas meias-irmãs separadas na infância, quando uma delas é vendida como escrava, e a outra se casa com um britânico de muitas posses, no século 19. O livro descreve como o destino das duas irmãs teve consequências na vida de seus descendentes até os dias de hoje.
No Brasil, essa temática também desponta entre as escritoras, como a poeta Mel Duarte, que participou da abertura da última edição da Flip, em julho passado, declarando um texto dedicado às mulheres negras.

Enquanto isso, nomes consagrados como Ana Miranda também trazem essa reflexão à tona. Em seu recém-lançado Xica da Silva,  A Cinderela Negra (Record, R$ 70), ela relembra a vida da escrava que se tornou a mulher mais poderosa das minas de diamantes por meio da história da mãe de Xica, capturada na África e trazida para cá ainda criança, passando pela difícil relação do Brasil Colônia com Portugal.
Entre o passado e o presente (Foto: Divulgação, Adriana Vichi, Michael Lionstar, Reprodução e Getty Images)

























A própria Chimamanda também está com um novo livro, a ser lançado no próximo mês no Brasil pela Companhia das Letras: O Manifesto para Educar Crianças Feministas, publicado pela autora primeiramente no Facebook em outubro passado, pouco após dar à luz seu primeiro filho - fato que escondeu da mídia até bem depois do nascimento.

“Sinto que vivemos em uma era em que as mães precisam expor sua gravidez. O curioso é que não esperamos o mesmo dos pais”, contou a autora, quando foi questionada pela atitude.

No livro, Chimamanda discute o papel da mulher no mundo em uma carta escrita para uma amiga que acaba de ter uma filha. Pelo jeito, você ainda vai ouvir muito falar desse novo time de autoras. Prepare-se!

Vogue

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