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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Os relatos chocantes das “jovens noivas” do Boko Haram

A fotojornalista Stephanie Sinclair explorou as tocantes histórias de meninas que foram sequestradas pelos terroristas, mas que conseguiram fugir do cativeiro - a maioria carregando seus filhos no colo

31.01.2017 | POR REDAÇÃO MARIE CLAIRE

A situação das 276 meninas da região de Chibok que foram sequestradas de dentro da escola na Nigéria pelo grupo radical islâmico Boko Haram ganhou as manchetes do mundo todo e virou um caso de atenção internacional. A campanha “Bring Back Our Girls” ganhou projeção mundial. Mas de acordo com a fotojornalista Stephanie Sinclair, elas representam apenas uma fração das milhares de meninas que foram raptadas e transformadas em esposas de terroristas desde a sua insurgência contra o governo nigeriano, em 2009.

E a prova está em seu trabalho, que acaba de ser divulgado pelo The New York Times. Sinclair se debruçou sobre as histórias de meninas que foram tiradas de suas próprias casas e forçadas a se casarem com os combatentes, mas que milagrosamente conseguiram escapar. No momento do rapto, todas eram crianças, mas a medida em que voltavam para suas aldeias, carregavam consigo a maternidade precoce.

Hawa tinha 15 anos quando os terroristas invadiram sua casa e exigiram que seus pais a abandonassem. A recusa rendeu a morte do casal e a menina foi levada a força para um cativeiro onde se casou com um dos radicais. Ela deu à luz um bebê na floresta. Mas quando o pequeno completou seis meses, ela decidiu fugir. Hawa escapou, o filho morreu durante sua longa caminhada – “eu não tinha leite suficiente para alimentá-lo” - e a tragédia se seguiu na vida de milhares de outras meninas.

Segundo informações do governo nigeriano, estima-se que cerca de 9 mil mulheres e meninas foram sequestradas desde o surgimento do Boko Haram.

“A situação era insuportável. Eles mataram pessoas em nossa presença para que ficássemos com medo. Infelizmente, tivemos que deixar alguns dos nossos amigos para trás. Perdemos a fé de que seríamos resgatadas. Nós farejávamos alimentos para sobreviver aos sete dias de caminhada até Maiduguri”, contou Hassana, de 14 anos.

Sequestrada junto com sua irmã mais velha, Dada, também de 14 anos, conseguiu fugir há um ano. “Nunca o considerei meu marido. Se eu gostasse dele, não teria fugido. Eu me sentia um fantasma vivo. Não tive medo de escapar, sobreviver no campo era sem dúvida a pior coisa que poderia acontecer comigo”, declarou.

E a morte era quase uma experiência diária. “Minha amiga morreu enquanto dava à luz”, contou Balkisu, de 16 anos, que foi raptada aos 14. “Quando fui para casa [15 meses depois], descobri que estava carregando uma criança morta. Eu adoraria ter sido capaz de parir e tomado conta dela.”

Gogogi, de 15 anos, foi raptada com outras garotas de sua aldeia. “Eles nos colocaram em uma grande casa e nos casamos duas semanas depois. A minha primeira tentativa de fuga foi frustrada. Me encontraram e ameaçaram matar minha mãe, que estava me escondendo. Eles cogitaram me matar ou me bater, e acabaram me açoitando. Na época, eu estava grávida.”

“Por isso, meu desejo hoje é que Deus me proteja”, revela Aisha. “E que aquelas que ainda estão nas florestas consigam escapar.”
"I felt like a living ghost," Dada, a 14 year-old abducted by Boko Haram, tells photographer Stephanie Sinclair. http://nyti.ms/2kHupGj 

Marie Claire 

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