Encontro teve debates sobre a presença da mulher na ciência e na tecnologia e sobre as dificuldades de conciliação entre maternidade e mercado de trabalho
Empoderamento feminino. A expressão está cada vez mais frequente em conversas e debates, sejam eles físicos ou virtuais. Ainda bem! Já passou da hora de a sociedade discutir de maneira mais ampla e profunda a presença e a importância da mulher em várias de suas esferas. E como valorização, infelizmente, não cai do céu, cabe a elas mesmas, às mulheres, reivindicarem seus direitos. O evento "Elas por Elas", que acontece nesta sexta-feira (31) e neste sábado (1º), no Village Mall, no Rio de Janeiro, reuniu figuras femininas de destaque para debater o assunto, em diferentes mesas.
No primeiro dia, a jornalista Glória Maria e a promotora pública do Estado de São Paulo, Gabriela Mansur, ficaram responsáveis pela abertura do evento. "Não existe nada mais poderoso do que colocar alguém no mundo. As mulheres precisam ser respeitadas para exercer o poder que elas já têm, que vem de dentro. Devemos transformar nossas fragilidades em força juntas", disse a jornalista. "Enquanto eu for promotora de Justiça, não vou permitir que uma mulher peça desculpas por ser mulher", afirmou Gabriela, em um discurso poderoso.
Depois, foi a vez da jornalista Flávia Durante, da youtuber Jout Jout, da escritora Nana Queiroz e da arquiteta Stephanie Ribeiro falarem sobre o feminismo na rede. "Queremos entender a diversidade e conversar", explicou Jout Jout.
Ciência é coisa de homem? E quanto ao esporte, à tecnologia e aos games? Mulheres importantes, inseridas nesses nichos, contaram o que passaram e o que ainda passam para chegar ao topo. A surfista Maya Gabeira, por exemplo, falou sobre o que sofreu por ser mulher depois de dois acidentes em que quase se afogou. "Surfistas conhecidos deram entrevistas em público duvidando da minha capacidade", disse. "Fiquei chateada, pois os homens que já tinham passado por situações parecidas foram tratados como herois e exaltados por terem desafiado seus limites".
A situação das mães no ambiente de trabalho foi outro destaque do evento. Adriana Carvalho, da ONU Mulheres, Cinthia Dalpino, do Mãe at Work, e Florência Fuks, pediatra do Hospital Israelita Albert Einstein, discutiram sobre a dificuldade de conciliar a carreira com a criação dos filhos. Para Cintia, a opção de deixar o brinquedo para se dedicar à família não foi a maravilha que ela esperava. "Não conseguia nem ir ao parque com minha filha no meio da semana porque tinha vergonha de que vissem que eu não trabalhava", contou. "Sentia-me um fracasso porque meu conceito de sucesso era o profissional. Com o passar do tempo tenho aprendido a equilibrar as três Cinthias: a mulher, a profissional e a mãe"
A pediatra Florência Fuks também comentou sobre a culpa que assombra as mães ao tentarem conciliar as várias demandas da vida moderna. "A ausência da mãe em determinados momentos é importante não só pra que ela possa manter sua identidade e interesses além da maternidade, como para o desenvolvimento do filho", disse. "A consciência disso diminui o sentimento de culpa". Para ela, vale mais a qualidade dos momentos gastos com as crianças do que a quantidade.
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