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sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Texto sobre assédio no trabalho causa polêmica no meio publicitário


Texto sobre assédio no trabalho causa polêmica no meio publicitário



Quinta-feira, 7 de dezembro de 2017
O conceituado jornal PropMark, site de segmento publicitário, surpreendeu seus leitores de forma um tanto quanto negativa na última segunda-feira (4). Isso porque foi veiculada uma crônica intitulada “Assédio”, do colunista Stalimir Vieira, que foi amplamente repercutida. Após a recepção negativa, no entanto, o autor afirmou que o texto fazia parte de uma peça publicitária com o intuito de denunciar uma situação de assédio vivida por uma colega de trabalho.

Na história, Stalimir detalha o cotidiano de um personagem que de forma abusiva assume a sua “admiração” e desejo por uma de suas colegas de trabalho, da qual não cita o nome. O texto se apresenta como uma espécie de confissão do personagem, narrando seu desejo de forma platônica.
A crônica se tornou uma polêmica no meio publicitário, já que o autor, mesmo que ficticiosamente, romantiza os olhares invasivos, as palavras e as expectativas que direcionava à colega, afirmando se tratar de puro desejo sexual. Pressentia que poderia ser mal interpretado. Aliás, com toda a razão, já que eu estava mesmo mal-intencionado. Queria sexo“, escreveu.
Para os críticos do texto divulgado pelo site, trata-se de uma divulgação machista e descabida na temática do mundo publicitário, que só ressalta as relações de assédio nos ambientes de trabalho – que ainda são muito comuns em agências.     
Comentário de leitora na página do jornal. Imagem: Reprodução/PropMark
No decorrer da crônica, Stalimir não poupa detalhes ao tecer comentários vexatórios sobre o corpo da profissional: “Automáticos, meus olhos acompanhavam o balanço dos seus quadris, impulsionados pelas pernas roliças (…) eu pude ver, por um descuido seu com os botões de cima da camisa, que você tem sardas nos seios.”
Em um dos trechos, depois de contar sobre a promoção do personagem a um novo cargo, insinua que a mulher deveria recompensá-lo com um beijo por ter conseguido a aprovação de uma ideia de trabalho que “não era tão boa”. “Num esforço monumental, avaliei o que você me pedia e aprovei. Bem que eu merecia um beijo porque a ideia não era tão boa assim. Quase falei essa bobagem, mas me contive”, desdenha o autor.
A resposta 
Em resposta à crônica, outro site também muito conceituado do mesmo segmento, o Brainstorm9, publicou um texto nesta quarta-feira (6). Nele, a autora Anna Castanha, especialista em Diversidade e Comunicação, contrapõe as declarações de Stalimir sobre a perspectiva da mulher que é representada.
Com o título “Assediada”, a autora não esconde a indignação e o repúdio pelo assédio narrado:
Eu sentia seus olhos acompanhando pedaços do meu corpo aonde quer que eu fosse e, assim, eu sempre me via perseguida e abusada. Me sentia constantemente desnudada, sem liberdade de ir e vir, só porque sou mulher e você, homem. – escreveu.
Ela ainda declara: “Sei bem como funcionam as empresas. Quem manda são os homens, sempre em grandes cargos do alto escalão. Nos tratam como meros objetos decorativos em reuniões“.
Retratação
No final da tarde de ontem (6), o autor se posicionou a respeito das críticasrecebidas pela crônica, justificando que a proposta do texto era “causar incômodo”. “Totalmente ficcional, nele cada palavra foi pensada para causar incômodo. De maneira que, linha a linha, fosse sendo desenhada na mente de leitores e leitoras a figura desprezível do potencial assediador”, escreveu.
Na retração, ele conta que a mulher retratada confiou a ele a denúncia pelos assédios sofridos por ela na empresa: “Fui a pessoa a quem uma profissional de atendimento confiou para denunciar os assédios de seu chefe (eu era diretor de criação). Levei o caso à presidência e o sujeito foi devidamente demitido”.
O jornal PropMark, por sua vez, disse em nota que o autor fez uso da liberdade de expressão. “Tendo em vista diversos comentários nas redes sociais com críticas ao artigo do nosso colaborador Stalimir Vieira, publicado na edição impressa do PROPMARK de nº 2674 e replicado na nossa versão online, sob o título “Assédio”, temos a declarar que o autor usou do seu direito universal de liberdade de expressão.”

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