46 profissionais de equipes técnicas de 33 instituições sem fins lucrativos da 1ª turma do Gerir concluem o projeto que já está na segunda edição
(por Ariany Ferraz)
O Projeto Gerir faz parte do programa Qualificação da Gestão de Organizações da Sociedade Civil (OSC) da Fundação FEAC. A iniciativa tem como objetivo promover lideranças aptas a adotarem ferramentas e processos que qualifiquem a gestão e a operação das organizações participantes. Dividido em quatro módulos programáticos: Gestão Estratégica Financeira, Planejamento, Operação e Relatoria, o Gerir teve 128 horas de formação e promoveu 16 encontros realizados de setembro de 2017 a abril último. Concluída essa trajetória, 46 profissionais foram certificados, entre membros de equipes técnicas e dirigentes de 33 instituições privadas com fins não-econômicos que atuam em Campinas/SP.
O escopo do Gerir auxilia as instituições nas tomadas de decisão mais assertivas e eficientes, de forma pragmática, orientando na implementação de novos processos e ações que gerem melhores resultados. Iniciando pela Gestão Estratégica Financeira, o projeto trouxe noções de segmentação/unidades de negócio, estrutura de custos, fluxo de caixa e orçamentos de projetos, e aspectos legais, permitindo a avaliação de estratégias e esclarecimentos sobre adequações nas áreas tributárias, trabalhistas e societária. “Eu amei gestão financeira. Fomos adequando os aprendizados e melhorando as práticas já adotadas”, contou Flawers Aguiar, gestora do Centro Corsini, formada nesta primeira edição.
Dentro do módulo Planejamento foram trabalhados temas como elaboração de projetos, editais de chamamento, plano de trabalho e políticas públicas. E para Flawers, esse momento foi fundamental, “o Gerir trouxe muitos aspectos de mudança que a gente não estava acompanhando, principalmente no aspecto da lei, em relação ao marco regulatório. Agora sabemos mais dos nossos direitos e deveres”, destacou a concluinte da 1ª turma do Gerir.
Essa também foi uma etapa muito importante para a participante Tânia Maura Barreto, diretora do Serviço Social da Paróquia de São Paulo Apóstolo (SPES) – Creche Cenáculo. “Naquele momento eu estava desenvolvendo um plano de trabalho para os chamamentos e me auxiliou bastante porque consegui aprender a ler e interpretar melhor o edital; tanto que consegui nota dez no meu projeto junto à Prefeitura”, conta. Ela ainda destacou que durante o curso já conseguiu implementar outras ferramentas como as planilhas financeira e de recursos humanos. Tema esse que fez parte do conteúdo programático do módulo Operação, com execução técnica e financeira, gestão de equipes e de voluntários.
Cuidadosamente pensado para contribuir com uma visão mais ampla, o Gerir estimula o desenvolvimento de um olhar sistêmico sobre as ações e os projetos, do planejamento à prestação de contas, independentemente da área de atuação ou formação do participante. “A palavra-chave deste projeto é inovação. Desde a estruturação dos módulos até o formato de cada um dos encontros são pensados para que os participantes sejam impulsionados a refletir sobre a sua prática e estimulados a imprimir melhorias em todas as etapas dos processos que realizam”, conta Silnia Prado, líder do Programa Qualificação da Gestão.
Flawers também pontua que conseguiu pôr em prática outros aprendizados, durante e depois do curso, como do conteúdo de Relatoria, que abordou prestação de contas, relatórios físico e financeiro, accountability e comunicação de resultados. “Já temos aplicada a questão da transparência no uso das mídias sociais, principalmente. Apesar de não termos um funcionário para isso, já estamos tomando cuidado para otimizar a comunicação, de prestar contas de acordo com as orientações passadas. Dentro do que eu posso, dos nossos limites, estou aplicando o máximo possível o que aprendi. Só mudando a nossa forma de pensar que a gente consegue implantar e levar para as pessoas o que a gente faz!”, completou.
“Eu super recomendo a todos o Gerir, mas principalmente para membros da diretoria, que devem conhecer para entender mais o dia a dia de todos que trabalham em diferentes atividades”, indica Tânia. “Compreender que cada tomada de decisão traz impactos ao projeto exige que todos os envolvidos estejam em sintonia e contribuam com a sua competência para o alcance dos objetivos”, avalia Silnia.
“O Gerir me ajudou muito! Tinha muita coisa que eu não sabia, mas em cada aula eu ia buscando as informações e aprimorando, com novas ferramentas e formas de olhar. A troca de experiências foi muito boa também, porque eu via que não estava sozinha”, ressaltou Tânia sobre a importância do Gerir. Flawers compartilhou a mesma satisfação e reforçou a contribuição do projeto. “O curso foi super prático! Abriu a nossa mente porque acabamos ficando centrados apenas na nossa própria instituição e foi ótimo saber que existe um mundo além do muro! Deu oportunidade de ver como outras instituições trabalham, entender como os outros fazem e como a gente também pode aplicar”, disse ela.
“Não há fórmulas prontas ou ferramentas definitivas. Boas práticas de gestão decorrem de conhecimento, diálogo e, principalmente, ação. Devem ser compartilhadas e construídas de forma coletiva de maneira que as vulnerabilidades sociais sejam, de fato, enfrentadas e superadas. Incomodar-se com uma realidade social não é mais suficiente, é preciso agir para influenciá-la positivamente e de forma perene, sustentável”, argumentou Silnia.
Segunda edição
Para dar sequência ao trabalho elogiado pelos participantes da 1ª turma, o Gerir já está na sua segunda edição levando conhecimento a mais profissionais e dirigentes das OSC. Desta vez foram selecionados 49 profissionais de 35 instituições de Campinas, parceiras ou não da Fundação FEAC.
Carol Padovani Galli, presidente do Núcleo de Ação Social (NAS), escolheu participar do Gerir em busca de aprimoramento, conhecimento, informações e ferramentas para aplicar e melhorar a gestão. “ O Gerir pode fazer a diferença dentro da instituição”, afirma na maior expectativa.
Durante o primeiro encontro do módulo 1, Gestão financeira, o economista, professor, consultor e tesoureiro em uma organização sem fins lucrativos, Geraldo Figueiredo, esteve à frente dos trabalhos. “É gratificante poder continuar contribuindo para formação das organizações da sociedade civil. Eu aprendi mais do que eu acabei passando”, revelou Geraldo que desde a primeira edição já está como docente do projeto. Para ele, a experiência que os participantes trazem é bem aproveitada pelo modelo didático adotado no curso, onde todos interagem e trocam aprendizados e vivências.
“A convivência com as pessoas que estão presentes, de outras organizações, mas que vivem a mesma realidade promove uma troca tão rica quanto as informações passadas pelos facilitadores. Gostei muito dessa metodologia de vivência, de fazer além da teoria. Para o perfil das organizações esse aprender fazendo é o que dá mais resultado”, elogiou a presidente do NAS.
Outra participante, Eulanda de Melo, diretora do Centro de Educação Especial Síndrome de Down (CEESD), que atua há 16 anos na instituição, conta que ficou muito satisfeita com o encontro. “Além da dinâmica e estrutura adequadas, o conteúdo é muito rico. São informações a serem levadas para a vida”, ressalta. .
Sobre a temática inicial e seus principais desafios, Geraldo explica que ajustar as práticas dentro das organizações da sociedade civil deve ser prioridade, especialmente em razão da dificuldade devido a escassez de recursos e alto grau de exigência técnica que demandam os editais das mais diversas fontes de recursos. “As instituições precisam se preparar para lidar com isso”, registra o economista.
“Tem que ter um planejamento. É preciso ter a noção que os recursos têm alocações específicas quando são restritos e não sendo restritos, entender que os recursos são limitados e precisam ser previstos, no sentido de receita, assim como as despesas, e que cada atividade seja tratada como um projeto específico para que se sustente e que não tenha que buscar outros recursos ou realocando”, recomenda Geraldo.
Além disso, para ele, outros desafios gerais para as instituições são a capacitação e desenvolvimento de uma visão profissional dentro de uma estrutura que tradicionalmente é voluntária – mas nem por isso deve ser ‘doméstica’. “É uma nova dimensão que as organizações terão que se ajustar”, conclui.
“Cada vez mais as parcerias irão exigir resultados. E resultados são alcançados com planejamento institucional, objetivos claros, gestão financeira eficiente e transparência. Quem não estiver preparado para gerar e medir impacto social vai se distanciando dos outros que redimensionaram sua atuação e reviram processos, enfim, que inovaram”,explica Silnia.
Seguindo a mesma estrutura programática, com alguns aprimoramentos, os próximos módulos trarão Planejamento Operacional, Implantação e Comunicação de Resultados. A previsão de término da 2ª turma do Gerir é outubro de 2018. A cada edição, o projeto abre 50 vagas que são gratuitamente ofertadas para profissionais e dirigentes de Organizações da Sociedade Civil que preferencialmente atuem em Campinas.
Programa Qualificação da Gestão de OSC
O Programa Qualificação da Gestão é uma iniciativa da Fundação FEAC que investe para que organizações da sociedade civil adotem boas práticas com objetivo de operarem de forma autônoma, com processos de gestão eficientes, conformidade, regularidade e, principalmente, impacto social significativo.
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