Especialista da Prefeitura alega que profissionais passam ainda por capacitação e afirma que números devem melhorar no 2º semestre.
Campinas (SP) registrou queda de 39,2% nos procedimentos de esterilização feitos pela rede pública no primeiro semestre de 2018 sobre igual período de 2017. Entre os homens, os números de vasectomias tiveram baixa de 33,5%. A quantidade de mulheres que passaram pelo processo de laqueadura caiu 47,6%.
Esterilizações feitas em Campinas no primeiro semestre
Procedimento | 1º Semestre 2017 | 1º Semestre 2018 |
Vasectomia (homem) | 286 | 190 |
Laqueadura (mulher) | 193 | 101 |
TOTAL | 479 | 291 |
No fim de 2017, o serviço oferecido na cidade foi descentralizado e o acompanhamento até a cirurgia passou a ocorrer em qualquer uma das 65 Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município. Todos os procedimentos continuam a ser encaminhados para a Maternidade – no caso das mulheres – ou para os hospitais Mário Gatti e Ouro Verde – para os homens.
O médico sanitarista Paulo Bonilha, membro da organização da Área Técnica de Saúde da Mulher, Criança e Adolescente, explica que a pulverização do serviço aconteceu para facilitar o deslocamento dos pacientes. Ele conta que a queda verificada no primeiro semestre já era esperada. Com isso, segundo ele, foi necessário readequar a mão de obra nas unidades. “Estamos em um momento de ajustes e as equipes estão sendo treinadas”.
“A gente acredita que os números devem se aproximar, no próximo semestre, ao registrado nos anos anteriores”, explica o especialista
O processo de esterilização pela Prefeitura leva em torno de dois meses, período no qual a pessoa (ou o casal) passa por acompanhamento do Grupo Educativo de Planejamento Familiar. Mesmo com a queda no serviço, Bonilha assegura que não há fila de espera para realização do procedimento. “Nós não estamos com demanda reprimida, mas, com a vasectomia, às vezes pode demorar um pouquinho mais, entre três e quatro meses geralmente”.
Vasectomia é mais procurada
Na rede pública de Campinas, 30% das esterilizações são realizadas hoje em mulheres. O número, de acordo com Paulo Bonilha é considerado alto. “Pelo tipo de cirurgia, poderia ter muito menos laqueaduras (mulher) e mais vasectomias (homem). Deveria ser 90% de vasectomia”, afirma.
O processo de esterilização, no qual tanto o homem quanto a mulher impedem a passagem da célula reprodutora para possível fecundação, é realizado na cidade desde 1993.
Ao longo dos anos, o procedimento sempre foi feito em maior parte nos homens mas, segundo Bonilha, o índice poderia ser muito maior. “Nós ainda vivemos em uma cultura machista. A vasectomia não muda em nada a sexualidade masculina. A única coisa que muda é que, no esperma do homem, não vai mais ter espermatozoides".
O profissional explica que o procedimento no órgão reprodutor masculino é mais simples, rápido e barato. "A vasectomia [homem] leva meia hora. É um procedimento ambulatorial. Ele fica algumas horas em observação depois da operação e vai para casa. A laqueadura [mulher] é cirúrgica. Você tem que internar, passar uma noite no hospital e ir embora no dia seguinte”, explica.
“A cirurgia masculina é infinitamente mais segura e simples", diz Paulo Bonilha
Outros métodos
Paulo Bonilha conta que muitas pessoas, casais ou não, procuram o serviço com a finalidade de não engravidar visando o curto prazo. Por conta disso, o paciente é orientado, através do grupo educativo, a pensar se é realmente isso que ele quer.
“Este é um procedimento sem volta, são raríssimos os casos em que se consegue a reversão. A esterilização deveria ser uma exceção. Hoje a gente tem métodos anticoncepcionais reversíveis, como pílula, DIU e camisinha”, enumera o especialista.
Para realizar a readequação, a pessoa deve ter mais de 25 anos completos ou ter dois filhos vivos. “Quem busca o serviço não precisa estar casado, mas se for esse o caso, deve assinar um termo de consentimento com a participação do companheiro ou da companheira”.
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