quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Cientista é suspenso após afirmar que a Física é um assunto para homens

Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN) condenou a declaração do pesquisador italiano Alessandro Strumia

02/10/2018 - POR REDAÇÃO GALILEU

Durante um debate realizado na última semana na Universidade de Pisa, na Itália, o pesquisador Alessandro Strumia afirmou que o estudo da Física era um "assunto de homens" e que esse campo de conhecimento "foi inventado e construído por homens, que não receberam um convite", dando a entender que as mulheres foram "beneficiadas" por conta da atual discussão sobre igualdade de gênero.

Mas o mundo dá voltas, não é mesmo? Hoje, 02 de outubro, a canadense Donna Strickland foi laureada com o Prêmio Nobel de física por seus estudos com a aplicação de feixes de laser — ela é a terceira mulher a receber a honraria. E, em comunicado publicado ontem, a Organização Europeia Para a Pesquisa Nuclear (CERN) afirmou que Strumia estava suspenso de participar de pesquisas por conta de seu posicionamento "inaceitável" e que fere o código de conduta do CERN — ele era colaborador sênior da instituição, que tem sede na Suíça. 

Após a apresentação de Strumia, diversos cientistas que participaram da conferência denunciaram a postura machista do pesquisador. De acordo com os relatos, o italiano apresentou equações e gráficas que mostravam como os homens enfrentavam uma "discriminação" cada vez maior nos estudos da Física. Como exemplo, ele afirmou que a Itália oferece universidade gratuita ou com outros benefícios para estudantes mulheres. 

O CERN, que é dirigido pela física italiana Fabiola Gianotti, ajudou na organização do evento da Universidade de Pisa e afirmou que não teve acesso ao conteúdo apresentado por Strumia de maneira prévia. De acordo com a instituição, ataques e insultos pessoais não são tolerados e ferem o ambiente de diversidade, que abriga diferentes nacionalidades.

Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, Strumia afirmou que "estão tentanto me pintar como um monstro que discrimina as mulheres" e que sua apresentação foi baseada a partir de fatos. 

O CERN abriga o Grande Colisor de Hádrons (LHC), maior e mais potente acelerador de partículas do planeta. Ele funciona com ímãs condutores localizados em uma estrutura de ‘anel’ com 27 quilômetros de circunferência dentro de um túnel, que, por sua vez, está localizado a 80 metros debaixo da terra entre as regiões da França e Suíça.

O LHC está desde 2010 colidindo partículas em uma velocidade próxima à da luz e gerando novas partículas. Em 2012, por exemplo, o LHC descobriu o achado mais importante do campo da física da última década: a partícula elementar Bóson Higgs.

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