sábado, 10 de novembro de 2018

O trabalho de ser menina na Etiópia

Recolher lenha, preparar a comida, lavar os pratos, limpar a casa e, nos momentos livres, ir à escola. Esse é o dia a dia das crianças etíopes como Qello, de 13 anos, para quem o tempo de brincadeira e as aspirações são sepultadas pelo trabalho doméstico, uma espécie de treinamento para o casal. Uma infância roubada por um destino do qual é difícil escapar, onde a desigualdade é a norma

Ignacio Marin
27 OUT 2018

   6h15  Como em todas as manhãs, Qello é a primeira a se levantar para ir recolher lenha em um bosque próximo a sua casa.

6h15  Como em todas as manhãs, Qello é a primeira a se levantar para ir recolher lenha em um bosque próximo a sua casa. 

   6h45  Quando volta para casa com a madeira, ela prepara o café. Segundo a tradição, as tarefas do lar são também consideradas como um tipo de formação para habilidades que as meninas precisarão quando se casarem e tiverem que cuidar de sua própria casa.

6h45  Quando volta para casa com a madeira, ela prepara o café. Segundo a tradição, as tarefas do lar são também consideradas como um tipo de formação para habilidades que as meninas precisarão quando se casarem e tiverem que cuidar de sua própria casa. 

   7h15  Antes de ir para a escola, Qello faz sua higiene com um pouco de água e sabão.

7h15  Antes de ir para a escola, Qello faz sua higiene com um pouco de água e sabão. 

 8h30  Qello presta atenção à aula. A educação das crianças é um desafio, porque suas famílias não a consideram útil. “Mais da metade das colegas de Qello as casarão à força quando ainda forem crianças e terão que deixar os estudos para depois”, diz Ana Sendagorta, da Fundação Pablo Horstmann.
  
8h30  Qello presta atenção à aula. A educação das crianças é um desafio, porque suas famílias não a consideram útil. “Mais da metade das colegas de Qello as casarão à força quando ainda forem crianças e terão que deixar os estudos para depois”, diz Ana Sendagorta, da Fundação Pablo Horstmann. 

   10h15  Qello cuida de seu irmão, de apenas alguns meses. “Ajudo desde pequena, mas agora que Chaltu [sua irmã, de 19 anos] se casou e tem um bebê, me encarrego das tarefas domésticas”.

10h15  Qello cuida de seu irmão, de apenas alguns meses. “Ajudo desde pequena, mas agora que Chaltu [sua irmã, de 19 anos] se casou e tem um bebê, me encarrego das tarefas domésticas”. 

  11h45  Qello, de 13 anos, prepara a comida para sua família. A partilha desigual de fazeres domésticos faz as crianças acharem que esse é o único tipo de tarefas para que estão capacitadas, o que limita sua ambição e motivação. 

11h45  Qello, de 13 anos, prepara a comida para sua família. A partilha desigual de fazeres domésticos faz as crianças acharem que esse é o único tipo de tarefas para que estão capacitadas, o que limita sua ambição e motivação. 

 11h50  Com a ajuda de apenas uma pedra lisa, Qello prepara a farinha de teff. Nas comunidades rurais de Etiópia, a injera, uma espécie de pão feito com essa farinha, é a base da alimentação.
  
11h50  Com a ajuda de apenas uma pedra lisa, Qello prepara a farinha de teff. Nas comunidades rurais de Etiópia, a injera, uma espécie de pão feito com essa farinha, é a base da alimentação. 

  12h30  Qello espera que seu pai termine de comer para lavar os pratos. “As ambições e sonhos das crianças se dissolvem frente à pressão social: se não aprenderem a desempenhar as tarefas domésticas, nunca encontrarão um marido, que é o que se espera delas”, conta Claudia Guidarini, de Save The Children. 

12h30  Qello espera que seu pai termine de comer para lavar os pratos. “As ambições e sonhos das crianças se dissolvem frente à pressão social: se não aprenderem a desempenhar as tarefas domésticas, nunca encontrarão um marido, que é o que se espera delas”, conta Claudia Guidarini, de Save The Children. 

  16h00  Qello, a segunda de quatro irmãos, volta para casa após ter ido buscar água. Deslocar-se sozinhas por distâncias tão longas expõe muitas crianças à violência física ou sexual, mas, apesar do risco, a cada dia milhares delas se veem obrigadas na Etiópia a buscar água para suas famílias. 

16h00  Qello, a segunda de quatro irmãos, volta para casa após ter ido buscar água. Deslocar-se sozinhas por distâncias tão longas expõe muitas crianças à violência física ou sexual, mas, apesar do risco, a cada dia milhares delas se veem obrigadas na Etiópia a buscar água para suas famílias. 

 16h30  De volta a casa, Qello ajuda seu pai em uma pequena plantação de milho. A de Qello, como a maioria das famílias nas comunidades rurais da Etiópia, depende diretamente da agricultura em pequena escala para sobreviver.

16h30  De volta a casa, Qello ajuda seu pai em uma pequena plantação de milho. A de Qello, como a maioria das famílias nas comunidades rurais da Etiópia, depende diretamente da agricultura em pequena escala para sobreviver. 

 18h00  Antes que o dia acabe, Qello ainda tem que fazer a massa colada.
























18h00  Antes que o dia acabe, Qello ainda tem que fazer a massa colada. 

 18h45  Ao final do dia, quando por fim terminou todas as tarefas, Qello encontra algum tempo para estudar e fazer os deveres sob a luz de uma pequena lanterna.
























18h45  Ao final do dia, quando por fim terminou todas as tarefas, Qello encontra algum tempo para estudar e fazer os deveres sob a luz de uma pequena lanterna. 

 21h00  Noite na casa de Qello. “Para milhares de crianças, cada dia é uma sucessão de tarefas domésticas que mal lhes deixa tempo para estudar ou jogar. É uma forma especialmente invisível de trabalho infantil”, diz Blanca Carazo, do Comitê Espanhol do Unicef.

























21h00  Noite na casa de Qello. “Para milhares de crianças, cada dia é uma sucessão de tarefas domésticas que mal lhes deixa tempo para estudar ou jogar. É uma forma especialmente invisível de trabalho infantil”, diz Blanca Carazo, do Comitê Espanhol do Unicef. 

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