quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Confrontos por presença de mulheres em templo na Índia deixam um morto

Indianos conservadores do Partido Bharatiya Janata (BJP) fazem protesto contra entrada de mulheres no santuário hindu de Sabarimala, em Kerala, no sul do país  — Foto: Sivaram V/ Reuters
Indianos conservadores do Partido Bharatiya Janata (BJP) fazem protesto contra entrada de mulheres no santuário hindu de Sabarimala, em Kerala, no sul do país — Foto: Sivaram V/ Reuters
Enfrentamentos explodiram depois que as duas mulheres entraram escondidas e sob proteção policial no santuário de Sabarimala, um dos templos mais sagrados do Hinduísmo.
03/01/2019
Uma pessoa morreu e ao menos 15 ficaram feridas nos confrontos registrados no estado de Kerala, sul da Índia, depois que duas mulheres entraram em um templo hindu desafiando os mais tradicionalistas, anunciou a polícia local nesta quinta-feira (3).
Os enfrentamentos explodiram depois que as duas mulheres entraram escondidas e sob proteção policial no santuário de Sabarimala, um dos templos mais sagrados do Hinduísmo. A ação desafiou os tradicionalistas e a polícia precisou usar gás lacrimogêneo, bombas de efeito moral e jatos de água para dispersar protestos e confrontos entre grupos rivais.

Vídeo

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Mulheres entram em templo na Índia e atitude provoca onda de protestos violentos
Em setembro, a Suprema Corte revogou a proibição de décadas de que mulheres em idade fértil entrassem no templo banhado a ouro de Sabarimala. Até a então, mulheres com idades entre 10 e 50 anos eram barradas por serem consideradas impuras.
Nas últimas semanas, tradicionalistas hindus - apoiados pelo Partido Bharatiya Janata (BJP), do primeiro-ministro Narendra Modi - impediram as tentativas de acesso das mulheres ao local, algumas vezes violentamente.
Manifestantes carregam imagem da divindade hindu “Ayappa” em protesto convocado por várias organizações hindus após duas mulheres visitarem o tempo Sabarimala — Foto: Sivaram V/ReutersManifestantes carregam imagem da divindade hindu “Ayappa” em protesto convocado por várias organizações hindus após duas mulheres visitarem o tempo Sabarimala — Foto: Sivaram V/Reuters
Manifestantes carregam imagem da divindade hindu “Ayappa” em protesto convocado por várias organizações hindus após duas mulheres visitarem o tempo Sabarimala — Foto: Sivaram V/Reuters
Porém, em uma operação surpresa na madrugada de quarta, a polícia permitiu que duas mulheres entrassem no templo e, em seguida, saíssem sem serem vistas. Imagens de vídeo mostraram as mulheres de 42 anos, Kanaka Durga e Bindu, que tem apenas um nome, usando túnicas pretas enquanto corriam para dentro do santuário.
Assim que ativistas espalharam a notícia, o líder espiritual do templo ordenou que este fosse fechado para um ritual de purificação. O santuário foi reaberto cerca de uma hora depois.
A visita enfureceu os devotos conservadores. Líderes locais do BJP anunciaram dois dias de protestos em Kerala contra a violação. O estado é governado por uma aliança de partidos de esquerda.

Batalha jurídica

O veredicto de setembro foi a mais recente decisão progressista do tribunal, apresentando um desafio para o tradicionalista BJP de Modi.
A restrição às mulheres em Sabarimala reflete uma crença - não exclusiva do Hinduísmo - de que mulheres em idade fértil, ou seja, que menstruam, são impuras.
Os tradicionalistas argumentam também que a divindade do templo, Ayyappa, era celibatária.
Na terça-feira, milhares de mulheres formaram uma corrente humana em Kerala em apoio ao veredicto para que pudessem entrar no templo. Os jornais noticiaram que algumas foram atacadas por ativistas de direita.
A Suprema Corte deve começar a ouvir a contestação de sua decisão em 22 de janeiro.
Hindus fazem filas para entrar em templo do deus Ayyappa, em Kerala, no sul da Índia, em imagem de arquivo  — Foto: Hareesh Kumar/ APHindus fazem filas para entrar em templo do deus Ayyappa, em Kerala, no sul da Índia, em imagem de arquivo  — Foto: Hareesh Kumar/ AP
Hindus fazem filas para entrar em templo do deus Ayyappa, em Kerala, no sul da Índia, em imagem de arquivo — Foto: Hareesh Kumar/ AP

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