Novo filme de M. Night Shyamalan é sucessor de "Corpo Fechado" e "Fragmentado".
By Rafael Argemon
17/01/2019
Um ano depois de tomar o planeta de assalto com O Sexto Sentido (1999), M. Night Shyamalan estava no topo do mundo e pronto para, em seu próximo filme, abordar um universo que o fascinava, mas que ainda não havia sido muito explorado em Hollywood: o dos super-heróis.
No entanto, suas idiossincrasias e a pouca receptividade que o gênero ainda tinha em 2000 não renderam a bilheteria esperada e ele partiu para outros projetos. Alguns bem-sucedidos, como Sinais (2002) e A Vila (2004), e outros muito longe disso, como A Dama na Água (2006) e Fim dos Tempos (2008).
No entanto, suas idiossincrasias e a pouca receptividade que o gênero ainda tinha em 2000 não renderam a bilheteria esperada e ele partiu para outros projetos. Alguns bem-sucedidos, como Sinais (2002) e A Vila (2004), e outros muito longe disso, como A Dama na Água (2006) e Fim dos Tempos (2008).
Em 2016, Shyamalan já não gozava do prestígio do começo da carreira quando Fragmentado explodiu. O filme, uma sequência velada de Corpo Fechado, rendeu 15 vezes mais que o valor de sua produção, dando ao diretor americano de origem indiana o aval necessário para voltar a seu ambicioso projeto no mundo dos deuses modernos.
E ele foi com tudo, para o bem e para o mal.
A forma que coloca seus “heróis” como personagens de histórias em quadrinhos que de alguma forma existem em nosso mundo real causou estranheza em 2000 e, por razões distintas, continuará causando algo semelhante em 2019.
Se lá no começo do século 21 as pessoas não estavam acostumadas às tramas com super-heróis, quase 20 anos depois esse gênero se transformou na carne de vaca de Hollywood, com uma fórmula que sequer resvala no estilo particular de Shyamalan.
Uma pena, porque Vidro consegue fechar sua trilogia maravilhosamente bem.
Dono de uma loja de materiais de segurança, David Dunn (Bruce Willis) usa sua força sobrehumana para caçar o psicopata Kevin Crumb (James McAvoy), um homem com 24 personalidades diferentes que se definem como “A Horda”. Porém, ambos são capturados pela Dra. Ellie Staple (Sarah Paulson), uma psiquiatra que estuda um distúrbio mental em que as pessoas imaginam ter superpoderes. Ao chegar à instituição psiquiátrica a que são levados, Dunn e Crumb se juntam a Elijah Price (Samuel L. Jackson), um gênio do crime que possui uma condição rara que deixa seus ossos extremamente frágeis e que já possui um histórico de desavenças com Dunn.
Em sua 1ª metade, Vidro funciona como Corpo Fechado, tentando nos convencer - aqui por meio da personagem da Dra. Staple - que há explicações perfeitamente racionais para a força descomunal de Dunn, as maquinações malévolas de Elijah, ou Sr. Vidro, e a excepcional condição de Crumb. Porém, por meio de uma série de plot twists (recurso que Shyamalan ama), o filme entra em guerra consigo mesmo entrando e saindo de um mundo da fantasia que poderia soar como um discurso de autoajuda não fosse a sagacidade do diretor.
Assim como o Sr. Vidro, Shyamalan utiliza uma batalha anti-climática como condições perfeitas de temperatura e pressão para glorificar suas criaturas maravilhosas que são a essência dos super-heróis. Indivíduos “quebrados”, cheios de traumas e questionamentos que estão fadados a viver entre a admiração e o medo que causam entre as pessoas comuns. Indivíduos com quem esses seres superiores não conseguem se conectar, mas que dedicam suas vidas a salvar ou destruir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário