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segunda-feira, 10 de junho de 2019

Primeira mulher do Sínodo: na Igreja existem abusos a religiosas e muita dor

REVISTA IHU 

10 Junho 2019


    A religiosa espanhola Maria Luisa Berzosa, uma das primeiras mulheres que participarão como consultoras no próximo Sínodo dos Bispos, reconheceu que dentro da Igreja existem abusos contra mulheres e muita dor, e urge a “se abrir a ferida e tirar tudo o que há dentro” para poder curar.

    A reportagem é publicada por Diario Vasco, 09-06-2019. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
    Em uma entrevista à EFE, Berzosa expressou sua surpresa e alegria por essa designação, proposta pelo Papa, de ser consultora na secretaria geral do Sínodo dos Bispos – reunião de prelados procedentes de países de todo o mundo que busca fomentar à participação desses nas questões que afetam à Igreja – e que se celebrará a partir do próximo mês de outubro.
    Ela, outras duas religiosas e uma leiga, são as primeiras mulheres que formarão parte da secretaria geral do Sínodo, que historicamente esteve composto unicamente por bispos, e que nessa ocasião se centrará na evangelização e proteção da Amazônia.
    Essa religiosa vallisoletana (Nota de IHU On-Line: gentílico de Valladolid), diretora da Federação Internacional Fé e Alegria, um movimento de educação integral e promoção social, vê necessário dar uma maior visibilidade à mulher dentro da Igreja católica e crê que se estão dando passos nessa direção “porém, muito lentos, muito desproporcional ao que deveria ser”..
    Também denuncia a situação de vulnerabilidade na qual se encontram algumas religiosas, em determinada ocasiões, dentro desta instituição: “Existem abusos e muita dor. Desejo que isso se acabe e colaborar denunciando”, destaca.
    Berzosa se referiu aos abusos sexuais a religiosas, porém também aos “abusos de poder, de submissão, de escravidão, de imposição, de não reconhecer sua pessoa, mas sim estar escravizada ou subordinada”.
    Abusos que muitos sacerdotes cometeram desde uma posição hierárquica: “que em nome de minha função ou do meu perfil, eu te imponho isso e depois te amordaço com o silêncio. É duplamente terrível”, lamentou.
    Situações “muito doloridas”, mas que essa religiosa acredita que devem vir à luz. “É necessário abrir a ferida e que saia tudo que há dentro, não tapar, não encobrir, é muito urgente e necessário”.
    “Eu faço muitos acompanhamentos de pessoas e quando recibo confissões assim, digo que não pode seguir encoberto, que deve vir à luz, porque é uma ferida que dói, que sangra, porém que deve curar, e se não se põe à luz, fica encoberta”, explicou.
    Berzosa crê que dentro da Igreja faz falta mais educação afetivo-sexual e de inteligência emocional, porque não se cuida da pessoa o suficiente, e nem se pergunta “como te sentes, o que está acontecendo, ou como controla as emoções”.
    “Estou contentíssima de que se siga destapando. Se foi feito mal, arrumemos para o futuro. O primeiro passo é assumir o controle do que passou”, afirmou.
    Assegura que não quer um “Sínodo de Mulheres”, mas sim um "Sínodo do Povo de Deus”, no qual haja participação de todos os membros da Igreja, também da hierarquia, mas não somente, porque desta maneira a Igreja seria “um corpo uniforme, que tem muita cabeça, porém que faltam os membros e está um pouco manca”.
    Acredita que no último Sínodo dos Jovens, celebrado no último mês de outubro, “foi muito palpável” a desproporção entre o número de homens e mulheres, já que havia 10 superiores gerais que tinham voz e voto, frente a uma superiora geral que, ademais, não podia votar.
    "Essa desproporção foi vista apenas olhando para a sala, não foram necessárias estatísticas", lamentou.

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