Eliane Brum e arte de escrever para não matar e para não morrer
Jornalista e escritora, que acaba de lançar coletânea de textos jornalísticos em inglês, aproxima-se da palavra através da escuta e conta com lirismo as histórias e detalhes da vida que (quase) ninguém vê
Aos oito anos, Eliane Brum (Ijuí, Rio Grande do Sul, 1966) virou uma assassina. Pelo menos foi o que sentiu no dia em que matou um filhote de barata. A culpa foi tamanha que a menina ficou imaginando a vida que aquela criatura já não teria. Assim nasceu A biografia de uma barata, o primeiro texto da jornalista, escritora e documentarista, escrito em primeira pessoa em um caderno de capa vermelha que ela conserva até hoje. A colunista do EL PAÍS conta, entre gargalhadas, que esse foi o jeito que encontrou para "dar memória e uma vida" ao ser que havia matado. De certo modo, essa continua sendo a motivação da sua escrita. "Sempre digo que eu escrevo para não matar e para não morrer", conta do outro lado do telefone, em Londres, em uma tarde cinzenta e de chuva fina.
Há poucas semanas, uma obra de Eliane entrou em um seletíssimo grupo de um dos mais prestigiosos prêmios literários dos EUA, ao lado do Pulitzer. The Collector of Leftover Souls (Graywolf Press), que reúne crônicas e reportagens produzidas entre 1999 e 2007, foi publicada nos Estados Unidos e no Reino Unido e entrou na lista das dez indicadas para o Prêmio Nacional de Literatura dos EUA (National Book Award) deste ano. A crítica especializada o define como uma coletânea de "vidas comuns tornadas extraordinárias por uma mestra em jornalismo que capta toda a sua perplexidade e rebelião silenciosa" e destaca a habilidade da autora em "habitar a vida de suas fontes enquanto suprime seus próprios preconceitos, julgamentos e visões de mundo". Enquanto isso, no Brasil, Eliane, que é finalista do Prêmio Comunique-se como melhor jornalista de mídia escrita, prepara-se para lançar, no mês que vem, um novo livro. Brasil, construtor de ruínas (Arquipélago), parte de reportagens e artigos de opinião escritos nos últimos anos, especialmente o EL PAÍS.
Filha de professores que trabalhavam de manhã, de tarde e de noite para sustentar a ela e seus dois irmãos mais velhos, Eliane apaixonou-se pela palavra através da escuta. "Antes mesmo de aprender a ler ou escrever, sempre gostei muito de escutar e de ficar ouvindo histórias. Eu botava um banquinho num canto e ficava ouvindo as histórias dos adultos e observando muito as coisas. Sempre gostei muito mais de escutar do que de falar". Ela lembra, no entanto, de uma sensação de "estar presa, um pouco encarcerada em um mundo pequeno", sentimento que só dissipou quando começou a juntar as letras e fazer sentido com elas.
"Ler me deu essa possibilidade de ser muitas coisas, de não ficar presa no meu corpo. Eu podia ser homem, monstro, fada, planta, alienígena, podia ser um monte de coisa. O meu mundo ficou muito maior". Foi assim que começou a trancar-se no quarto, ainda criança, com vários livros, sem querer sair sequer para comer. A escrita veio logo depois.
"Eu tinha nove anos quando acordei um dia, em uma manhã super melancólica. Estava chovendo, e eu me senti tão triste, tão sem saída, um sentimento insuportável... Aí escrevi minha primeira poesia, que era muito ruim", conta e ri. "Aquilo me mostrou que escrever era um ato de vida. Para mim, até hoje, escrever é um ato de vida, um ato de fazer viver, de poder estar viva e de lutar pela vida e por tudo aquilo que é vivo. Essa menina, essa experiência com a palavra, pariu a mulher que eu sou hoje".
Eliane fala com a voz suave e calma. Tem um jeito tranquilo que convive com o ímpeto de uma mulher determinada. Em 2017, mudou-se para Altamira, no Pará, para estar mais perto da pauta que tem motivado a maior parte de sua vida profissional e pessoal: a defesa da floresta e a vida (todo tipo de vida) no planeta. Ela conta que começou a ir para a Amazônia em 1998, quando trabalhava para o jornal gaúcho Zero Hora. Conheceu a floresta em cada Estado brasileiro onde ela nasce, cresce e é desmatada ou incendiada. Em 2011, começou acompanhar as histórias das pessoas que seriam afetadas pela construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, principalmente as populações ribeirinhas. Depois, decidiu instalar-se ali.
"Eu quis ficar mais perto. Coloco-me ao lado das pessoas que defendem que a Amazônia é o centro do mundo, principalmente no momento histórico em que o maior desafio da nossa espécie é a emergência climática. Aí eu pensava: se eu digo que ela é o centro do mundo, por que eu não estou lá? Resolvi ir para o centro do mundo e queria ter também essa experiência de ver o Brasil a partir da Amazônia, olhar de lá para o Sudeste, para Brasília, para o Sul, olhar da Amazônia para o mundo, mudar meu ponto de vista", diz.
Essa determinação já havia nascido com a menina que pariu a mulher. Quando tinha cinco ou seis anos, durante a ditadura militar, seu pai era presidente de uma faculdade comunitária em Ijuí, e um de seus projetos era uma escola "que tinha muito o espírito do Paulo Freire". Naquela época, a prefeitura achou aquela escola subversiva e, em uma reunião, Eliane viu o pai ser humilhado pelo prefeito. A escola foi retirada da administração da faculdade. "Aquela experiência foi tão chocante para mim, que voltei para casa e fiquei pensando em como eu ia responder àquela injustiça. E aí, na minha cabeça de criança, resolvi botar fogo na prefeitura", conta. De madrugada, antes de todos da casa acordarem, Eliane colocou uma caixa de fósforo dentro do bolso do vestido e atravessou a praça que separava sua casa da sede municipal. "Eu fui e acendi o fósforo. Na minha cabeça, era só acendê-lo que conseguiria queimar a prefeitura. É claro que gastei a caixa de fósforos inteira e não consegui. Aí, voltei para casa com uma mistura de humilhação e alívio. Meu primeiro ato revolucionário, rebelde, foi fracassado. Mas serviu para descobrir, aos poucos, que escrever era um jeito de lutar sem botar fogo".
Os desacontecimentos
Eliane tem muito "estranhamento", não acha normais as coisas. "Descobri que estranhar era ser repórter. E eu sempre estranhei e sempre me interessei menos pelo que está no palco iluminado e mais pelo que está na coxia, os detalhes ao redor. É o que me interessa. Os detalhes e as subjetividades às vezes contam mais". Para ela, são esses elementos que determinam o que chama de desacontecimentos e que são a principal matéria-prima do seu trabalho. As pessoas cujas histórias não são ouvidas ou contadas, as passagens do cotidiano que, de tão corriqueiras —mas não menos fantásticas, emocionantes ou importantes— não costumam aparecer nos noticiários. Foi com essas histórias que conquistou o prêmio Jabuti em 2007, com A Vida que Ninguém Vê, uma coletânea de textos sobre desacontecimentos diários que vão desde o mendigo que jamais pediu coisa alguma ou um álbum de fotografias encontrado no lixo até o carregador de malas do aeroporto que nunca voou.
"Nos primeiros anos de repórter, as pessoas diziam que eu fazia as pautas humanas. E eu sempre fiquei pensando: mas existem pautas não humanas?", gargalha Eliane. "Sempre foi difícil dizer sobre o que eu escrevo. Acabo dizendo que escrevo sobre direitos humanos, mas não acho que seja isso, até porque eu acho que as gentes não são só humanas. Os animais são gente, as plantas são gente, eu vejo o mundo de um outro jeito".
Autora de outros quatro livros —Coluna Prestes - O Avesso da Lenda (1994), O Olho da Rua (2008), A Menina Quebrada (2013) e Meus desacontecimentos – A história da minha vida com as palavras (2014)—, Eliane também faz ficção. Publicou em 2011 o romance Uma Duas (LeYa), onde transforma em palavra, com a mesma força e sensibilidade de seus textos jornalísticos, a intrincada relação entre mãe e filha.
O romance nasceu em 2010 quando, depois de duas décadas como repórter, ela quis dedicar-se exclusivamente à ficção. Hoje, ainda escreve contos em algumas coletâneas, mas o plano foi adiado porque o Brasil aconteceu. "O país se convulsionou, digamos, e eu fui capturada por essa super realidade. Mas espero voltar para a ficção, porque tem realidades que a gente só consegue contar através dela. Há realidades que precisam ser inventadas para serem contadas", diz.
Para escrever, depois de anos acostumada a trabalhar em meio ao barulho das redações, ela constrói um mundo próprio em qualquer lugar. "Em meu processo, sinto que escrevo primeiro dentro, vou costurando as coisas dentro de mim. Aí, quando sento mesmo para escrever, sou bem rápida". Mantém o hábito da infância e tenta ler ao menos um livro por semana. Atualmente, está entregue ao romance Como ser as duas coisas, de Ali Smith, e Outras Mentes, de Peter Godfrey-Smith, que mistura história natural e filosofia. "Além dos que estou lendo, tenho meus livros de cabeceira. Nos últimos anos, são dois: Sempre a mesma neve e sempre o mesmo tio, da Hertha Müller, que é um livro lindíssimo, que me ajuda a resistir em cotidiano de exceção. O outro é Teoria King Kong, da Virginie Despentes, um livro selvagem, que segue ecoando em mim e para onde volto muitas vezes", conta.
Hoje, Eliane entra na floresta para contar seus acontecimentos e desacontecimentos. "Minhas reportagens são por minha conta e são de longuíssimo prazo, podem durar anos", ri. Ela conta que uma das melhores coisas de entrar na natureza é ficar sem conexão à Internet. "Só deixo uma mensagem no e-mail e aviso às pessoas mais próximas que eu vou sumir e depois volto. Isso é maravilhoso. Ainda bem que não tem Internet ainda por lá, porque aí dá para fazer realmente essa imersão profunda, que muda muito a gente". Eliane ainda prefere ouvir —a si mesma, à floresta, à vida—. Entre matar e morrer no turbilhão do mundo, ela continua a escrever.
Hola, nunca creí en hechizos o magias en toda mi vida, hasta que conocí a este gran lanzador de hechizos llamado Dr. Amiso, quien restauró mi matrimonio, soy Lucas David, mi esposa me dejó a mí y a 2 hijos porque tenía cáncer. del cuerpo, no había cuerpo con quien hablar, el dolor empeoró, así que me puse en contacto con el Dr. Amiso y le expliqué todo lo que le estaba pasando, me dijo que no me preocupara por el cáncer, envió sus hierbas y me instruyó sobre cómo aplicarlos, lo cual hice, ya no sentía dolor honestamente, el cáncer desapareció para siempre, también me devolvió a mi esposa con su hechizo. Le dije a mi colega Alicia Pedro, que su esposo se divorciaría en 3 días, ella también contactó al mismo Dr.Amiso y le contó sobre el divorcio, él almorzó un momento, bajo y he aquí que su esposo llamó al abogado 2 días antes el tercer día de firmar el documento de divorcio y decirle al abogado que no se está divorciando de su esposa nuevamente, el abogado debe detenerse y cancelar todos los documentos relacionados con el tema del divorcio, invitado, ¿qué? ahora viven felices como nunca antes. en caso de que esté pasando por problemas de salud o matrimoniales, desee casarse con la persona adecuada a tiempo o quedar embarazada sin un aborto espontáneo, dar a luz a la edad de 46 a 52 años es posible, incluso quiere ser reconocido en el mundo, hacer ya no llore, descubrí que tomar el tratamiento herbal Dr.Amiso es el mejor, contacte amablemente al Dr.Amiso en herbalisthome01@gmail.com
Hola, nunca creí en hechizos o magias en toda mi vida, hasta que conocí a este gran lanzador de hechizos llamado Dr. Amiso, quien restauró mi matrimonio, soy Lucas David, mi esposa me dejó a mí y a 2 hijos porque tenía cáncer. del cuerpo, no había cuerpo con quien hablar, el dolor empeoró, así que me puse en contacto con el Dr. Amiso y le expliqué todo lo que le estaba pasando, me dijo que no me preocupara por el cáncer, envió sus hierbas y me instruyó sobre cómo aplicarlos, lo cual hice, ya no sentía dolor honestamente, el cáncer desapareció para siempre, también me devolvió a mi esposa con su hechizo. Le dije a mi colega Alicia Pedro, que su esposo se divorciaría en 3 días, ella también contactó al mismo Dr.Amiso y le contó sobre el divorcio, él almorzó un momento, bajo y he aquí que su esposo llamó al abogado 2 días antes el tercer día de firmar el documento de divorcio y decirle al abogado que no se está divorciando de su esposa nuevamente, el abogado debe detenerse y cancelar todos los documentos relacionados con el tema del divorcio, invitado, ¿qué? ahora viven felices como nunca antes. en caso de que esté pasando por problemas de salud o matrimoniales, desee casarse con la persona adecuada a tiempo o quedar embarazada sin un aborto espontáneo, dar a luz a la edad de 46 a 52 años es posible, incluso quiere ser reconocido en el mundo, hacer ya no llore, descubrí que tomar el tratamiento herbal Dr.Amiso es el mejor, contacte amablemente al Dr.Amiso en herbalisthome01@gmail.com
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