quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Por que a África lidera o ranking de mulheres em conselhos administrativos

por: Gabriela Glette
Contrariando uma tendência global injusta e machista, a África lidera o ranking de mulheres em conselhos administrativos. No continente, um em cada quatro membros do conselho é do sexo feminino, proporção 25% mais alta do que na Europa – a segunda colocada. Em contrapartida, a maior taxa de mortalidade materna do mundo está na África, assim como a baixa proteção jurídica a estas mesmas mulheres. Mas, afinal, o que explica estes números?

O relatório sobre paridade de gênero foi divulgado na última semana pelo McKinsey Global Institute, que também afirma que a média mudial de representação feminina em conselhos de administração é de 17%. O avanço se explica pelo progresso em alguns países africanos, que há anos vêm lutando por uma maior desigualdade de gênero.
No entanto, apesar dos avanços, é preciso entender o que fez as estatísticas aumentarem tanto. Estas mulheres acabam ocupando papéis de liderança em recursos humanos e departamentos jurídicos, áreas com menos probabilidade de lhes garantir uma posição como CEO. Ainda segundo o estudo, somente as economias da África do Sul, Quênia, Ruanda, Uganda e Botsuana avançaram neste sentido.
mulheres cargos administrativos africa 3

Quando consideramos as outras áreas da economia africana, ela ainda está abaixo da média global de emprego formal, assim como em comitês executivos. Porém, se estes números não são animadores, em termos de representação política, a África tem muito a nos ensinar. Com 25% dos cargos políticos ocupados por mulheres, o continente está acima da média global – 21%.
Contudo, é preciso analisar os dados sob uma perspectiva mais abrangente, afinal, apesar dos bons números quanto a cargos administrativos, fora do mercado de trabalho as mulheres africanas, em sua grande maioria, vivem em situação de violência constante. De acordo com o relatório, o continente não proporciona serviços essenciais, como assistência médica e educação.
No ritmo de progresso atual, a paridade de gênero total na África só acontecerá daqui a 142 anos. Ainda temos muito pela frente!

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