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segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Como melhorar a conversa sobre saúde mental em 2020

    DIOGO RODRIGUEZ
Não há como falar sobre saúde mental sem considerar também as desigualdades sociais, de gênero, raciais, o preconceito. Uma sociedade com medo invariavelmente ficará doente.

Caros leitores, já faz alguns meses que estou conversando com vocês sobre saúde mental neste espaço da Vida Simples. A cada semana, aprendo mais um pouco sobre a depressão e a ansiedade não só no nível pessoal, mas de uma maneira geral. Conheci pessoas bacanas, que têm se disposto a conversar comigo via redes sociais, e-mail e outros canais. Aliás, você já segue meu Instagram?

Usando minha atividade, o jornalismo, fui atrás de especialistas e pessoas bacanas que abordam esse assunto tão atual de maneira humana e realista. Descobri que há muito mais por trás dos transtornos mentais, cujas causas não estão apenas no que fazemos como indivíduos, mas também nos modos de vida que estão à nossa disposição.

A conversa sobre a saúde mental

Minha principal conclusão por enquanto é a de que a conversa sobre saúde mental tem que ser ampla, geral e irrestrita. A indústria médica é importante? Sem dúvida. No entanto, ela não pode ser o único ator com voz neste fórum. Precisamos escutar a voz de quem sofre. E essas pessoas precisam ser diversas. Não adianta mais apenas nós, os privilegiados com acesso a informação e tratamentos, falarmos do alto das nossas torres de mármore.

A resposta-padrão da sociedade tem sido a medicação dos transtornos mentais. Embora esse tratamento seja sim muito importante, ele não ataca todos os fatores responsáveis pela chamada “epidemia” de ansiedade, depressão, etc. Aliás, gosto cada vez menos dos termos que reduzem a saúde mental a uma virose ou coisa que o valha. Precisamos levar em conta a multiplicidade de fatores causadores desses transtornos: falta de perspectiva de futuro, incerteza financeira, solidão, desconexão, rotinas estafantes, falta de acesso à natureza e ao lazer.

A saúde mental é prioridade. Ou deveria ser…

saúde mental
Não há como falar sobre saúde mental sem considerar também as desigualdades sociais, de gênero, raciais, o preconceito. Uma sociedade com medo invariavelmente ficará doente. Tratar os seres humanos com humanidade deveria ser visto como algo além da polarização política do momento; deveria ser uma prioridade de todas e todos.

Sim, o cenário é preocupante. Ao mesmo tempo, novas iniciativas se propõem a levantar a discussão como o podcast Esquizofrenoias, da Amanda Ramalho. Diversas instituições começam a perceber a necessidade de ir além, de investigar de maneira íntima o ciclo massacrante que leva as pessoas a perder as perspectivas. Jornalistas, pesquisadores, pensadores, estão se aprofundando nessas questões para organizar o pensamento e clarear as possibilidades.

Quero citar três livros importantes para esta coluna em 2019. Como mudar sua mente, de Michael Pollan, mostra que é possível lidar com as angústias existenciais recuperando nossa conexão com a ideia de todo, de universo. Pollan me mostrou que a espiritualidade pode ir muito além da religião e do misticismo. Lost Connections, de Johann Hari, também fala da necessidade de conexão com algo maior. O jornalista britânico revela que a ansiedade e a depressão têm raízes num sentimento de desligamento geral, em parte causado pelo maneira como vivemos. Por último, McMindfulness, de Ronald Purser, faz uma avaliação bastante crítica de como a meditação foi sequestrada pela instrumentalismo capitalista para se tornar uma ferramenta criadora de conformismo. Mas Purser também mostra o caminho de saída.

Diogo Rodriguez é jornalista e foi diagnosticado com depressão há cinco anos. Desde então, vem estudando o assunto. Escreve neste espaço às quintas-feiras –e divide mais sobre o tema no perfil @falandodepressao. Para conversar com ele e compartilhar sua experiência com saúde mental, mande um e-mail para oi@diogorodriguez.com.

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