sexta-feira, 13 de março de 2020

MÊS DA MULHER – E DAS MULHERES CIENTISTAS! – PARTE 1


Comemorando o oito de março com aumento na porcentagem de mulheres cientistas no Brasil
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Quantas mulheres cientistas você conhece?
É provável que, à princípio, poucos nomes venham à sua mente. Mais provável ainda, que dentre estes nomes, Marie Curie seja um deles. Certamente Marie Curie foi uma das maiores cientistas (entre homens e mulheres) já existentes, dado alguns de seus feitos que mudaram a história da humanidade: ela estudou a radioatividade, contribuindo para o avanço no conhecimento desde os raios-X até a radioterapia para tratamento do câncer; foi a primeira mulher a ganhar um prêmio Nobel; e a primeira pessoa a ganhar dois prêmios Nobel em duas áreas diferentes!

Porém, há muitas outras cientistas mulheres que contribuíram e ainda contribuem com suas ideias inovadoras, apesar do histórico de repressão e invisibilização da participação feminina na ciência. Elas são hoje maioria nas áreas de “Linguística, letras e artes” e “Ciências da saúde”, como mostra o estudo desenvolvido e divulgado na plataforma Open Box da Ciência. As áreas de “Engenharias” e “Ciências exatas e da terra” ainda possuem predominância masculina, cenário que poderá mudar devido ao aumento da participação de mulheres observado nestas áreas nos níveis de graduação e pós graduação. Atualmente, o número de pesquisadoras no Brasil cresce mais rápido que o de homens, elevando a porcentagem de mulheres entre os cientistas. 
Em 11 de fevereiro foi comemorado o Dia internacional das Mulheres e Meninas na Ciência e, neste mês (8 de março), comemoramos o Dia Internacional das Mulheres. Queremos lembrar esta data disponibilizando dados de como elas têm conquistado o espaço que merecem e como a presença delas na ciência aumentou, mas lembrando que muito ainda precisa ser feito para alcançar a real equidade. 
Empoderamento feminino
A plataforma Open Box da Ciência, lançada no  dia 12 de fevereiro em São Paulo, fez um levantamento da porcentagem de mulheres brasileiras na ciência em cinco  grandes áreas. As autoras do estudo usaram um software para compilar todas as informações sobre os pesquisadores brasileiros disponíveis na plataforma Lattes e os resultados foram divulgados numa matéria da G11 (Figura 1). 
No Brasil, existem 77.895 cientistas que têm ao menos doutorado e, desse total, as mulheres representam 40,3%. Outra pesquisa, realizada pela Elsevier1 , mostra um crescimento de 11% da representação feminina na ciência brasileira entre os anos de 1996 e 2015, aumento esse que também aconteceu nas outras onze regiões do planeta avaliadas pelo estudo.  
Gráfico com os dados sobre mulheres e homens nas grandes áreas de pesquisa do CNPq. Os dados consideram um universo de 77.895 pesquisadores com doutorado. Nele há dois ícones humanos. Um representa as mulheres e contém o número 40,30% e o outro representa os homens e contém o dado 59,69%. Ao lado dos ícones há um gráfico em barras mostrando a proporção de mulheres e homens em cada área. Elas são 57% em ciências da saúde, 31,1% em ciências exatas e da terra, 40,1% em ciências sociais aplicadas, 26% em engenharias e 53,7% em linguística, letras e artes.
Figura 1. Gráfico produzido  pelas autoras com base na matéria da G12
Estes resultados deixam claro que o empoderamento feminino tem aumentado e que cada vez mais as mulheres adentram áreas antes dominadas por homens, derrubando muitos dos paradigmas ditados pela sociedade. Outras questões  levantadas pela pesquisa da Elsevier é que, apesar do aumento de sua participação na ciência, as mulheres ainda têm menor representatividade em grupos de pesquisa e publicações internacionais, além de possuírem uma baixa porcentagem de inovações e autoria de patentes. No Brasil, as mulheres foram autoras de apenas 11% do total das patentes depositadas em 2015. Frente a este cenário, temos o desafio de mudar esses números. Precisamos aumentar a confiança de mulheres na sua capacidade profissional e intelectual, além de incentivá-las desde meninas a se interessarem pela ciência, mostrando a elas que podem ser o que quiserem no futuro. 
Se você se interessou pelo assunto, a página de divulgação científica @Woman.In.Science (Instagram) está realizando um especial neste mês de março, apresentando mulheres cientistas a cada dia, com pesquisas nas mais diversas áreas da ciência. Pesquisadoras de diferentes estados do Brasil e também do exterior submeteram um resumo de seus trabalhos para divulgação. Vale a pena conferir! Por fim, o nosso muito obrigada a todas as cientistas que têm nos inspirado e àquelas que estão por vir. Feliz Dia da Mulher, Feliz Dia da Mulher Cientista!
Fonte ícones
Referências
3 – Plataforma Open Box da Ciência: http://www.openciencia.com.br/


Estudante de Doutorado da FEQ UNICAMP
Bacharel (2017), e atualmente doutoranda, da Faculdade de Engenharia Química na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Atua na área de pesquisa desde a graduação, com intercâmbio e projeto de verão desenvolvidos na Universidade de Manchester (Reino Unido), iniciação científica na UNICAMP e estágio no CNPEM. Interesse principal no desenvolvimento de bioprodutos e processos sustentáveis.
Biologa e Doutora em Ciências
Formada em biologia pela UNESP (Rio Claro) em 2013, Doutora em Ciências pela UNICAMP em 2019 e, atualmente, pesquisadora em engenharia genética e biologia molecular para produção de insumos para a indústria de alimentos na Universidade Técnica da Dinamarca. Apaixonada apor ciências, livros, séries e viagens.
Pesquisadora de Pós doutorado at UNICAMP
Bacharel em Engenharia Química (2006) da Universidad Industrial de Santander (Colômbia), Mestre (2010), Doutora (2014) e atualmente pós-doutoranda em Engenharia Química na Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. Foi pesquisadora de pós-doutorado (2016) do Algae R&D Centre, Murdoch University na Australia. A sua especialidade são biocombustíveis, biotecnololgia e obtenção de bioprodutos a partir de microalgas.

Jornalista de ciência
Bacharel em comunicação social com habilitação em jornalismo (2009) e especialista em jornalismo científico (2015). Cursa atualmente o mestrado em Divulgação Científica e Cultural do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Unicamp) com uma pesquisa sobre a trajetória de mulheres na botânica. Seus principais interesses são divulgação científica, mulheres na ciência, gênero na ciência e política científica e tecnológica.

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